Jura secreta 27
rio em pele feminina
o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
o pó dos ossos dos anos
você me diz não ter pressa
seus olhos fogo na sala
o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
que sou um anjo de fadas
não beije assim meus segredos
meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes
pedaços do corpo do rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio
se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora
o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho
meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos
quanto mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos
o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas
lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o rio é estrada
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Continuação da entrevista com a minha
querida amiga e parceira nas minhas investigações sobre Psicologia para o meu
trabalho no Teatro Isadora Chiminazzo
Predebon
Federika Lispector – A psicopatia pode ser gerada pelo ambiente onde
vive o indivíduo?
Isadora - Este assunto costuma despertar muito interesse pelas pessoas por se
tratar de algo em que se busca compreender o que leva muitas vezes os
indivíduos cometerem atrocidades. Alguns estudos descrevem a psicopatia como
transtorno de personalidade antissocial, sendo a mesma coisa, outros estudos
divergem e concebem de maneira separada.
Outro ponto, referente a pergunta
propriamente dita, vamos ter de um lado, estudos e teorias (que fazem bastante
sentido) que mais voltadas a parte se refere ao ambiente, podendo também
combinar fatores biológicos, genéticos, história de vida, contexto como um todo
que podem influenciar no desenvolvimento da psicopatia; de outro lado, também
há estudos consistentes em que haveriam fortes fatores genéticos envolvidos na
psicopatia.
Eu, particularmente, acredito que
fatores ambientais podem contribuir, considerando como acontece o processo de
estruturação da personalidade desde a infância.
Federico Baudelaire – Como a psicologia explica a sensação de sentir a
presença de uma pessoa, mesmo ela não estando naquele lugar?
Isadora - Depende de que tipo de sensação
temos ou se quer dizer. Muitas vezes, pode estar relacionada às memórias
afetivas que temos com alguém, por exemplo, sentir o cheiro de um bolo e
lembrar da avó que fazia este bolo e como era todo este cenário, ou perfume de
alguém amado, a lembrança de um lugar que remete a alguém. Um fator que pode
ocorrer também é no processo de luto quando ainda não nos acostumamos com a
perda, como se esperássemos que ente querido estivesse sentado na cadeira que
costumava sentar... Ou mesmo sentir
falta da pessoa, por existir um vínculo significativo. Até gostaria de entender
se a pergunta remete algo referente às alucinações...
Cristina Bezerra - Como a Psicologia estuda os casos de desvios de personalidade?
Isadora - Na Psicologia, tratamos como transtorno de personalidade e estas são
dividas por grupos A.B e C e, são chamados de "desvios" por desviarem
consideravelmente em termos de comportamentos, experiências, emoções que
geralmente se espera, em termos de cognição (percepção de si mesmo, dos outros
e de eventos), afetividade (o alcance, a intensidade, a maleabilidade e a
conveniência das respostas emocionais), funcionamento interpessoal e controle
dos impulsos. Claro que, o diagnóstico é mais complexo dos isto (trouxe como
algo ilustrativo) e deve ser feito por um profissional da área psi - psicólogo
clínico e/ou psiquiatra, bem como, ser realizado o tratamento adequado para
tal. No grupo A, temos um grupo de três transtornos com características mais
excêntricas da personalidade e mais propensos a desenvolver sintomas
psicóticos. No grupo B, transtornos mais relacionados a dramaticidade,
irregularidade e imprevisão de comportamentos e ações (imprevisíveis,
intolerantes às decepções e frustrações, inconstantes, sedutores, etc) e, por
fim, o grupo C, com predomínio de ansiedade, medo, receio.
Compreende-se a personalidade como
algo normal do sujeito e estes casos seriam uma alteração. Como dito
anteriormente, cabe a um profissional psi diagnosticar e realizar o tratamento
adequado para a demanda.
Artur Gomes
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