Para Uma Menina
Com Uma Flor Na Boca
cada palavra
ou nome
sendo de gente
ou coisa
traz em si
suas nuances
léxicas
sendo Luana
ou Jéssica
sendo paixão
ou fome
sendo cidade
ou surto
ou condição estética
cada palavra
ou nome
traz em si
sua porção poética
dentro da arte
ou fora
na pele
que tens agora
no olho
nas pernas
nas coxas
estando ainda mais dentro
umbigo
intestino útero
mar de desejos
tantos
que a boca
sorrindo implora
ou mesmo
calado o pranto
atormente
teu corpo
e chora
cada palavra
ou nome
é signo
verbo cilada
se queres silêncio
não grito
se queres mistério
não mito
na carne
no sangue
no osso
está a palavra amada
quando palavra flor
não espada.
Artur Gomes
O Poeta
Enquanto Coisa
www.secretasjuras.blogspot.com
o risco
atravessar as portas
ultrapassar janelas
paredes muros cidades
o risco
de te matar
saudade
dentro da boca quero
penetrar garganta
laringe esôfago estômago
enquanto
dançamos bolero
sendo um tango
enquanto fado
arrisco
o beijo guardado
num copo de vinho
ou de menta
sabor pimenta
ou alho
doce mel da pimenta
enquanto a palavra
entra
pelos teus olhos e
abras
teu cais do porto
fechado
arrisco
meus dedos e dados
nos lances mais atrevidos
dos nossos sextos sentidos
por tudo que foi esperado
prosa concreta
num dia qualquer de verão ou inverno
fomos almoçar no Netuno Flutuante restaurante que fica sobre a represa Billing
na via Anchieta a caminho de São Bernardo. Silvia Passareli, José Homero e meu
xará Arthur haviam acabado e desmontar uma exposição na Escola de Artes de São
Caetano.
Depois de um almoço regado a muita vodka e
sagatiba, retornamos para São Paulo, e aí em estado etílico avançado Arthur que
não Rimbaud, o nosso guia, perdeu o
caminho e a poesia porosa virou prosa concreta para Haroldo de Campos. Não
sabia mais se estávamos no caminho de
Anchieta, São Bernardo, Santo André, São Caetano ou se estávamos voltando de
uma nova Granada na Espanha. José Homero enrolava a língua de tal forma, que nem
um perfeito chinês iri entender o seu dialeto mandarim.
Clic no link para ver o vídeo – não
vou fazer cena
https://www.facebook.com/FulinaimaProducoes/videos/1954678881215757
zorra secreta
tenho em mim
que amor não sangra
apenas angra
quando o mar não está pra peixe
tenho um feixe
de
amor guardado
quando penso
me dá um tremor
da língua
às solas dos sapatos
só a
dama do vapor
é capaz de compreender
os
meus baratos
trago em mim tuas unhas
mesmo nunca estando
entre meus dedos
se nunca estive
te procurando
como agora estando
absinto não me cura
não pense
metáforas
à parte
juras secretas
poéticas
fulinaímicas
o que te tenho
é carNAvalha
minha língua muito cínica
no teu corpo se espalha
como na avenida
o samba-enredo
nunca
pensei
trepar
no corpo
das
palavras
como
cristina bezerra
me disse
que trepo
na
verdade
o
corpo da palavra
tinha
nome
exposto
no poema
punhal
músculo
ereto
entre
as unhas
e os
dedos dela
tinha
um coelho
no
colo
e o
sobrenome
da
planta
que
deixa a língua
mais
bela
Com Os Dentes
Cravados Na Memória
Mesmo com uma grande dor, provocada
por um bico de papagaio que a décadas insiste em cantar na minha coluna,
roubando-me as vezes a paciência, passei uma tarde de ontem (16 novembro 2017),
super divertida no Auditório Miguel Ramalho em cia da equipe de Coordenação de
Projetos de Audiovisual e Design Para Educação - Centro de Referência do IFF
Campos Campus Centro.
Motivo do Encontro: um depoimento
sobre os mais de 50 anos que Vivi no IFF desde os tempos de aluno no Ginásio
Industrial na então ETC (Escola Técnica de Campos), de 1961 a 1964. Passando
pelo período de 1968 a 1986 quando já servidor da ETFC(Escola Técnica Federal
de Campos), trabalhei como Linotipista
na Oficina de Artes Gráficas (Tipografia).
De 1975 a 1985 mesmo subvertendo a
ordem natural vigente que direcionava a instituição, criei totalmente à revelia
da direção na época, uma Oficina de
Teatro, que se manteve subversiva até 1986 (pois era assim que os
professores reacionários da época se referiam a atividade.
Nunca fui poeta de bons modos, bons
costumes, e como os alunos da Oficina de
Teatro, eram também alunos da ETFC, nos "anos de chumbo" onde o Diretor da instituição era
indicado pelo MEC, depois de algum curso
na Escola Superior de Guerra, era normal que a minha atividade com Teatro dentro
da Escola fosse tratada como Subversão.
Em 1986, acontece as primeiras "Eleições Diretas", nas
Escolas Técnicas Federais e nas Universidades Federais, pós Ditadura. Na ETFC
se elege Diretor o Professor de Matemática Luciano
D´Angelo. Como desde 1980 o trabalho com a Oficina de Teatro havia ultrapassado os muros da Escola e invadido
as ruas de Campos, com o Auto do Boi-Pintadinho,
Luciano então, me transfere da Tipografia para o Grupo de Atividades Culturais,
criando um espaço físico próprio para as minhas atividades com Teatro.
Em 1997 a ETFC já havia se
transformado em CEFET, e com a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases), criada por
Darcy Ribeiro, a Oficina de Teatro,
como outras Oficinas de Arte que já existiam então passam a fazer parte da
grade curricular para os alunos do Curso Técnico (nível médio). No período de
1997 a 2002 passo então a Coordenador da Oficina de Artes Cênicas, até a minha
aposentadoria em 2002.
De 2011 a 2012 convidado pelo então
Diretor do IFF Campos Campus Centro,
Jefferson Manhães, volto a instituição para Dirigir Oficinas de Criação e
Produção Cine Vídeo e crio o I Festival de Cinema Curta-IFF, realizado em 2012
no Auditório Cristina Bastos.
As 3 horas de bate papo e gravações
foram poucas para narrar os períodos e os fatos em seus mínimos detalhes.
Esperava que um dia, acompanhando e vivendo as transformações do IFF como
acompanho, que esse depoimento viesse a acontecer, e esses 50 anos vividos ali
dentro pretendo transformar no livro Com Os Dentes Cravados Na Memória, onde
não só o que vivi dentro do IFF será contado, mas também muito da minha
travessuras culturais por este país a fora.
Equipe da Coordenação de Projetos de
Audiovisual e Design para Educação que trabalharam nas gravações: Larissa
Vianna, Rodrigo Otal, Carlos Henrique Morelato e Lionel Mota.
Artur Gomes
Com Os Dentes Cravados na Memória
https://www.facebook.com/arturgomesmemoria/
seja pornográfico como
Carlos Drummond de Andrade
Em face dos últimos acontecimentos
Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?
Oh ! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros,
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.
A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).
Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados
que o melhor é ser pornográfico.
Propõe isso a teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?
recolho da minha amada Cristina
Bezerra pra
colocar mais pimenta em algum molho
no tempero
satírica
eu não sou santa
nem tão pouco freira
a hóstia que consumo
tem gosto de macumba
e não é flor que se cheira
eu sou umbanda
e minha banda toca
atabaques na sexta feira
Cristina Bezerra
no coração dos boatos
agora que descobri ser o irmão mais
novo de Biúte vou morar nos telhados do Palácio Jaburu. Assim posso ver todos
os fantasmas que transitam nos corredores do Palácio depois da meia noite. E
pelas minhas contas são muitos, pelo menos 583 já vi passeando por ali, numa
orgia desenfreada de lavagem de roupa suja, apesar de todos estarem travestidos
de terno e gravata, não escondiam o mal cheiro que exalava de suas caricaturas
Federico Baudelaire
www.porradalirica.blogspot.com
Artur Gomes
FULINAIMAGEM
www.fulinaimagens.blogspot.com
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