blues rasgado
lance de dedos
lance de dados
mallarmè revisitado
mallarmargens
esse poema desliza
pelo lado esquerdo do Rio
entre mallarmè e às margens
me traz a lapa no cio
e o carioca em desvario
aposta em lance de dados
que prefeito o mal l a(r)mado
abandona sua carreira
num domingo de feriado
foge do povo em mal estado
em plena segunda-feira
Cristo desce o corcovado
em lance descomunal
e na Sapucaí a Mangueira
explode no carnaval
EuGênio Mallarmè
www.braziliricapereira.blogspot.com
a eternidade
o transforma enfim
naquilo que ele era
Stèphane Mallarmè
tem
tempo que esse tempo estanho me persegue esse tempo chumbo me estraçalha
esgarça os nervos dos meus 5 sentidos tem tempo que esse tempo estranho
dilacera acelera a parte a parte morte de qualquer estado de coisas tem tempo
que esse tempo dentes que me mordem sangram os tecidos da nervura tem tempo que
o poema é escridura pra resistir a toda sanha desse tempo e não importa se é
janeiro dezembro fevereiro se é cinzas carnaval ou e quantos inocentes e
ingênuos nesse tempo morrem e ainda comemoram a sua noite de natal ¿
mallarmè
já deu o toque
poesia é pau é pedra
palavra sem retoque
quando vida for de fedra
quanto custa ler o piva
quanto custa ouvir um rock
Te Olho/Me Molho
Leila Miccolis
cardio.grafia da pele
que esta palavra bendita
nãos seja dor quando mal dita
como espinha quando aflora
ou espora enquanto irrita
minha cardio.grafia em suma
não é pena nem pluma
apenas palavra que resuma
o silêncio como agora
ou sonora enquanto grita
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
bebo um litro de conhac
para suportar
a vertigem do dia
poema um lance de dedos
num tabuleiro quadrado
no truque das artemanhas
torquato primou pelo
intransferível
oswald por um nada
quase sagrado
mallarmè indivisível
criou o seu xadrez
enquanto deus não joga dados
o
presidente
saliva
entre/dentes
a
baba
venenosa
das serpentes
coito
encaixo a língua
muito prosa
teus pelos alvoroçam
enquanto goza
Gigi Mocidade
fricção
quem passou a língua
mas coxas da Caipora?
me pergunta Federico Baudelaire
cheirando as Flores d0 Mal
no Sarau de EuGênio Mallarmè
Gigi invoca então dona cristina
a endiabrada Severina
pelos chifres da bezerra
que baixa na mesma hora
- ora bolas fui eu
com minha língua de faca
cortei a cara da vaca
a começar pelas coxas
depois subi pelo corpo
até o buraco da boca
e meti a língua na língua
e na suruba das línguas
a dela mordendo a minha
a minha mordendo a dela
a Arte então se revela
não existe Arte sem língua
nem Teatro sem linguagem
a Arte é uma grande suruba
e o resto é pura paisagem
Cristina Bezerra
www.fulinaimargem.blogspot.com
,
furai
a pele das partículas dos poemas
viemos das gerações neoabstratas
assistindo a belos filmes de Godart
inertes em películas de Truffaut
bebendo apocalipses de Fellini
em tropicâncer genocidas de terror
, sangrai a tela realista dos cinemas
na pele experimental do caos urbano,
tragai
Dali pele entre/ossos
Glauber rugindo enTridentes
na língua do veneno o gozo das
serpentes
nos frascos insensíveis de isopor
,
caímos no poder do vil orgânico
entramos no curral dos artefatos
na porta de entrada os artifícios
na jaula sem saída os mesmos pratos
Artur Gomes
O Poeta Enqaunto Coisa
www.secretasjuras.blogspot.com
fellini não descobriu
esta menina pro cinema
deixou que eu amasse
esta felina no poema
medusa cortou
minha cabeça
pensando eu fosse perseu
o amor que eu prometi
a musa não prometeu
20 de fevereiro
fosse quântico esse dia
calmo
claro
intenso
inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
tempestades trovoadas
insanidades
guerras frias
iniquidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
Artur Gomes
Juras Secretas
www.secretasjuras.blogspot.com
Artur Gomes
FULINAIMAGEM
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