LadyGumes
Afrincan'sBaby
para Samaral in/memória
meto meus dedos cínicos
no teu corpo em fossa
proclamando o que ainda possa
vir a ser surpresa
porque amor não tem essa
de cumer na mesa
é caçador e caça
mastigando na floresta
todo tesão que resta
desta pátria/indefesa.
ponho meus dedos cínicos
sobre tuas costas
vou lambendo bostas
destas botas neoBurguesas
porque meu amor não tem essa
de vir a ser surpresa
é língua suja/grossa/visceral/ilesa
pra lamber tudo o que possa
vomitar na mesa
e me livrar da míngua
desta língua portuguesa
Artur Gomes
www.porradalirica.blogspot.com
sargaço em tua
boca
espuma
em Armação de Búzios
tenho um amor sagrado
guardado como jura secreta
que ainda não fiz para Laís
em teus cabelos girassóis de estrelas
que de tanto vê-las o meu olho vela
e o que tanto diz onda do mar não leva
da areia da praia onde grafei teu nome
para matar a sede e muito mais a fome
entranhada na carne como Flor de Lótus
grudada na pele como tatuagem
flutuando ao vento como leve pluma
no salgado corpo do além mar afora
sargaço em tua boca espuma
onde vivem peixes - na cumplicidade
do que escrevo agora
Artur Gomes
FULINAÍMA MultiProjetos
https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1429156210512628/?hc_ref=PAGES_TIMELINE
30 de setembro em sacramento batismo
de fogo no balcão da barraca peço cerveja preta encho o primeiro copo e ofereço
pra Xangô aline me olha com os olhos incendiados e sob a blusa branca dois
pequenos e lindos seios rosados palpitam e me suplicam beijos dos lábios ela
tira uma rosa vermelha e me entrega o signo oculto para nunca esquecê-la
caminha pela ladeira até a porta da casa dos alcóolicos anônimos fotografa uma
estrela cadente abre seu livro e faz um pedido nunca revelado no eclipse do
desejo que levarei para toda eternidade
anti o falso moralismo
logo abaixo do umbigo
entre a flor e o tecido
a boca do desejo
esperando por um beijo
gigi me dá o que tem de bom
a boca do desejo
suja de batom
Federico Baudelaire
na pele do poema
o cavalo selvagem
cavalga a pele do poema
enquanto transa
na pastagem
um novo trote
a deusa do rock
berra em outro canto
enquanto na voragem
da vertigem
assento a Pedra de Xangô
na Vitória do Espírito Santo
Cristina Bezerra
https://www.facebook.com/sagaraninha/
desço pelos cabelos
até os pelos da boca
o paraíso
está abaixo do umbigo
na fronteira do prazer
até o centro do perigo
fosse Iemanjá
ou fosse Vênus
beija-flor
ou mal-me-quer
marissol ou
mariana
flor delírio
em minha cama
afro-dite se quiser
afrodite
a nova pimenta do reino
nascida na espuma do mar
filha de Zeus ou Vulcano
na pele clara da gema
as brunas do oceano
na era Atena me disse
pra Hera nunca dissemos
em grego a deusa do amor
em romano sinônimo de Vênus
também a irmã de Helena
que ao filho de um
outro
rei prometeu
provocando a ira em Menelau
quando soube que Páris sou Eu
Dioniso das festas de Baco
do vinho dos ritos das juras
Afrodite em mim criatura
Bacante que o cosmo me deu
menina da ilha de Creta
mulher quando o vinho é na cama
a que sabe beber do que ama
sem pensar no que Cronos secreta
Artur Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com
tempo poético
para Isadora Chiminazzo Predebon
o tempo é o senhor
dos meus ponteiros de músculos
relógio oculto no in-cons-ciente
o tempo
nos olhos daquela viagem
a paisagem
caminho de pedras
o cenário
vale dos vinhedos
o tempo
guardo em segredo
como uma jura secreta
na íris dos olhos dela
na face oculta da noite
na retidão clara do dia
como um concha na areia
o tempo mar de espumas
sargaço algas noturnas
a carne do corpo também
o vinho do tempo na boca
e a língua dizendo amém
Artur Gomes
O poeta enquanto coisa
www.secretasjuras.blogspot.com
você me diz tudo bem
mas comigo não baby
olha o preço da gasolina
envenenaram a margarina
o objeto não identificado
não passa mais por aqui
ficou o obscuro desejo
de mandar tudo pro inferno
inverno não me faz bem
tira o meu fogo das ventas
vou amanhecer em Jerusalém
e salgar meu corpo com pimenta
Federico Baudelaire
https://www.facebook.com/federicoduboi/
artefato
(poema sujo)
numa cidade abstrata
sem sentido ou significado
matadouro é arte concreta
veracidade é pecado
pago com pena de morte
esta máquina de escrever
fotografada em Itaguara
como um poema de Lorca
escrito em Nova Granada
cravado em Araraquara
você não sabe onde está
você não sabe onde é
você não sabe de quem foi
este punhal na metáfora
que sangra a carne do boi
Artur Gomes
FULINAIMAGEM
www.fulinaimagens.blogspot.com
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