quarta-feira, 13 de outubro de 2021

lady gumes

 


LadyGumes

Afrincan'sBaby

para Samaral in/memória

 

meto meus dedos cínicos

no teu corpo em fossa

proclamando o que ainda possa

vir a ser surpresa

porque amor não tem essa

de cumer na mesa

é caçador e caça

mastigando na floresta

todo tesão que resta

desta pátria/indefesa.

 

ponho meus dedos cínicos

sobre tuas costas

vou lambendo bostas

destas botas neoBurguesas

porque meu amor não tem essa

de vir a ser surpresa

é língua suja/grossa/visceral/ilesa

pra lamber tudo o que possa

vomitar na mesa

e me livrar da míngua

desta língua portuguesa

 

Artur Gomes

www.porradalirica.blogspot.com



sargaço em tua

 boca espuma

 

em Armação de Búzios

tenho um amor sagrado

guardado como jura secreta

que ainda não fiz para Laís

 

em teus cabelos girassóis de estrelas

que de tanto vê-las o meu olho vela

e o que tanto diz onda do mar não leva

da areia da praia onde grafei teu nome

para matar a sede e muito mais a fome

 

entranhada na carne como Flor de Lótus

grudada na pele como tatuagem

flutuando ao vento como leve pluma

no salgado corpo do além mar afora

sargaço em tua boca espuma

onde vivem peixes - na cumplicidade

do que escrevo agora

 

Artur Gomes

FULINAÍMA MultiProjetos

https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1429156210512628/?hc_ref=PAGES_TIMELINE


30 de setembro em sacramento batismo de fogo no balcão da barraca peço cerveja preta encho o primeiro copo e ofereço pra Xangô aline me olha com os olhos incendiados e sob a blusa branca dois pequenos e lindos seios rosados palpitam e me suplicam beijos dos lábios ela tira uma rosa vermelha e me entrega o signo oculto para nunca esquecê-la caminha pela ladeira até a porta da casa dos alcóolicos anônimos fotografa uma estrela cadente abre seu livro e faz um pedido nunca revelado no eclipse do desejo que levarei para toda eternidade


                        anti o falso moralismo

 

logo abaixo do umbigo

entre a flor e o tecido

a boca do desejo

esperando por um beijo

gigi me dá o que tem de bom

a boca do desejo

             suja de batom

 

Federico Baudelaire

www.suorecio.blogspot.com



                     na pele do poema

 

o cavalo selvagem

cavalga a pele do poema

enquanto transa

na pastagem

    um novo trote

 

a deusa do rock

berra em outro canto

 

enquanto na voragem

 da vertigem

assento a Pedra de Xangô

na Vitória do Espírito Santo

 

Cristina Bezerra

https://www.facebook.com/sagaraninha/



desço pelos cabelos

até os pelos da boca

o paraíso

está abaixo do umbigo

na fronteira do prazer

até o centro  do perigo


fosse Iemanjá

ou fosse Vênus

beija-flor

ou mal-me-quer

marissol ou

mariana

flor delírio

em minha cama

afro-dite se quiser


afrodite


a nova pimenta do reino
nascida na espuma do mar
filha de Zeus ou Vulcano
na pele clara da gema
as brunas do oceano


na era Atena me disse
pra Hera nunca dissemos
em grego a deusa do amor
em romano sinônimo de Vênus
também a irmã de Helena
que ao filho de um

outro rei prometeu
provocando a ira em Menelau
quando soube que Páris sou Eu


Dioniso das festas de Baco
do vinho dos ritos das juras
Afrodite em mim criatura
Bacante que o cosmo me deu
menina da ilha de Creta
mulher quando o vinho é na cama
a que sabe beber do que ama
sem pensar no que  Cronos secreta

 

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com



tempo poético

para Isadora Chiminazzo Predebon

 

o tempo é o senhor

dos meus ponteiros de músculos

relógio oculto no in-cons-ciente

o tempo

nos olhos daquela viagem

a paisagem

caminho de pedras

o cenário

vale dos vinhedos

 

o tempo

guardo em segredo

como uma jura secreta

na íris dos olhos dela

na face oculta da noite

na retidão clara do dia

como um concha na areia

 

o tempo mar de espumas

sargaço algas noturnas

a carne do corpo também

o vinho do tempo na boca

e a língua dizendo amém

 

Artur Gomes

O poeta enquanto coisa

www.secretasjuras.blogspot.com  

 

você me diz tudo bem

mas comigo não baby

olha o preço da gasolina

 

envenenaram a margarina

o objeto não identificado

não passa mais por aqui

 

ficou o obscuro desejo

de mandar tudo pro inferno

inverno não me faz bem

 

tira o meu fogo das ventas

vou amanhecer em Jerusalém

e salgar meu corpo com pimenta

 

Federico Baudelaire

https://www.facebook.com/federicoduboi/



artefato

(poema sujo)

 

numa cidade abstrata

sem sentido ou significado

matadouro é arte concreta

veracidade é pecado

pago com pena de morte

 

esta máquina de escrever

fotografada em Itaguara

como um poema de Lorca

escrito em Nova Granada

cravado em Araraquara

 

você não sabe onde está

você não sabe onde é

você não sabe de quem foi

este punhal na metáfora

que sangra a carne do boi




Artur Gomes

FULINAIMAGEM

www.fulinaimagens.blogspot.com

 

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