sábado, 2 de outubro de 2021

poéticas sagarânicas

 


A vida sempre em suspense

alegria a prova dos nove

fanatismo não me convence

muito menos me comove

 

poema 22

 

a língua hoje passeia

pelos martírios de florbela

em tudo que ela não disse

ou mesmo exposto não revela

pelas janelas do corpo

por todas dores prazeres

no que ficou por dizeres

no silêncio quando cala

por tudo que ainda não cabe

na sensualidade da fala

 

 

nasceu Florbela entre lençóis e bananeiras

cactos girassóis e alfavaca

quando planei nunca pensei

ser luz de sol nos seus olhos de donzela

nesses temporais tropicalistas

 

dou minha cara a tapa

e muitos beijos com sabores infinitos

para quem adivinhar como descobri a sua origem

nos arredores da paulista

 

sonhar na estação 353 sagrado rito

aqui no meu terreiro único mito

meu corpo santo

quando se despe em guardanapos

e se entrega corpo alma unhas dentes

a essa mulher depravada indecente

por tão somente ser filha de Baco

 

Artur Fulinaima

O Homem Com A Flor Na Boca

www.fulinaimagens.blogspot.com

 

cacomanga

ali nasci

minha infância   

era só canaviais

ali mesmo aprendi

a conhecer os donos de fazendas

e odiar os generais

 

pessoa

 

não tenho pretensões de ser moderno

nem escrevo poesia

pensando em ser eterno

veja bem na minha língua as labaredas do inferno

e só use o meu poema

com a força de quem xinga

 

por aqui nem só beleza

nesses dias de paupéria

nação de tanta riqueza

país de tanta miséria

 

Artur Gomes

Do livro Pátria A(r)mada

Editora Desconcertos – 2019

Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio – 2020

Festival Cine Vídeo de Poesia Falada

https://www.facebook.com/studiofulinaima




 tento escrever

mas o gato mia

a cria chora

a pia enche

a cama chama

o corpo rasteja

a casa cheira

o vento rasga

a notícia rouba

o computador empoeira

o livro dorme

as horas vaporizam-se

as palavras brincam

os olhos veem

os olhos fecham

as mãos cheias

as mãos esmoessem

as teias aumentam

os brinquedos tropeçam

a panela queima

a barriga ruge

o dia afunda

tente escrever:

mãe

 

Clara Baccarin


por aqui pelos arredores do palco tem uma moça estranha de pernas muito compridas Uriticum o nome dela Bracutaia certa vez me disse que moças daqui são oferecidas se entregam ao sacrifício antes do altar e nem precisa casamento

 Federika Bezerra

www.fulinaimargens.blogspot.com






 o poema

 

o poema pode ser

a orelha de Van Gog

bandeirinhas de Volpi

os rabiscos de Miró

o assassinato de Lorca

o poema pode ser

o que vai o que não fica

Lupicínio na Mangueira

Noel Rosa na Portela

uma jangada de velas

um parangolé do Oiticica

o poema pode ser

os meus músculos de ossos

a minha pele de sangue

a morte ancestral em cada mangue

e os negros nervos de aço

estraçalhados em Martinica

o bombardeio de Guernica

o cubismo de Picasso

 

Artur Gomes

www.fulinamagens.blogspot.com

 

 Fulinaíma MultiProjetos

portafulinaima@gmail.com

(22)99815-1268 – whatsapp

https://www.facebook.com/FulinaimaProducoes

EntreVistas

www.arturgumes.blogspot.com




Fulinaimagem

www.fulinaimagens.blogspot.com     

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