A vida sempre em suspense
alegria a prova dos nove
fanatismo não me convence
muito menos me comove
poema 22
a língua hoje passeia
pelos martírios de florbela
em tudo que ela não disse
ou mesmo exposto não revela
pelas janelas do corpo
por todas dores prazeres
no que ficou por dizeres
no silêncio quando cala
por tudo que ainda não cabe
na sensualidade da fala
nasceu Florbela entre
lençóis e bananeiras
cactos girassóis e
alfavaca
quando planei nunca pensei
ser luz de sol nos seus
olhos de donzela
nesses temporais
tropicalistas
dou minha cara a tapa
e muitos beijos com
sabores infinitos
para quem adivinhar como
descobri a sua origem
nos arredores da paulista
sonhar na estação 353
sagrado rito
aqui no meu terreiro único
mito
meu corpo santo
quando se despe em
guardanapos
e se entrega corpo alma
unhas dentes
a essa mulher depravada
indecente
por tão somente ser filha
de Baco
Artur
Fulinaima
O Homem Com A Flor Na Boca
www.fulinaimagens.blogspot.com
cacomanga
ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
a conhecer os donos de fazendas
e odiar os generais
pessoa
não tenho pretensões de ser
moderno
nem escrevo poesia
pensando em ser eterno
veja bem na minha língua as
labaredas do inferno
e só use o meu poema
com a força de quem xinga
por aqui
nem só beleza
nesses
dias de paupéria
nação de
tanta riqueza
país de
tanta miséria
Artur
Gomes
Do livro Pátria A(r)mada
Editora Desconcertos – 2019
Prêmio Oswald de Andrade –
UBE-Rio – 2020
Festival Cine Vídeo de Poesia
Falada
https://www.facebook.com/studiofulinaima
tento escrever
mas o gato mia
a cria chora
a pia enche
a cama chama
o corpo rasteja
a casa cheira
o vento rasga
a notícia rouba
o computador empoeira
o livro dorme
as horas vaporizam-se
as palavras brincam
os olhos veem
os olhos fecham
as mãos cheias
as mãos esmoessem
as teias aumentam
os brinquedos tropeçam
a panela queima
a barriga ruge
o dia afunda
tente escrever:
mãe
Clara Baccarin
por aqui pelos arredores do palco
tem uma moça estranha de pernas muito compridas Uriticum o nome dela Bracutaia
certa vez me disse que moças daqui são oferecidas se entregam ao sacrifício
antes do altar e nem precisa casamento
Federika Bezerra
o poema
o poema pode ser
a orelha de Van Gog
bandeirinhas de Volpi
os rabiscos de Miró
o assassinato de Lorca
o poema pode ser
o que vai o que não fica
Lupicínio na Mangueira
Noel Rosa na Portela
uma jangada de velas
um parangolé do Oiticica
o poema pode ser
os meus músculos de ossos
a minha pele de sangue
a morte ancestral em cada mangue
e os negros nervos de aço
estraçalhados em Martinica
o bombardeio de Guernica
o cubismo de Picasso
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
(22)99815-1268 – whatsapp
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EntreVistas
Fulinaimagem
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