quarta-feira, 30 de março de 2022

Coletânea Poetas Vivos


Viva espera

 

Vivo em um mundo tão irreal
e etéreo que o homem
que vier a me amar
chegará em silêncio, sem alarde,
para não me tirar do que sonho
em poemas e lirismos.

 

Ao chegar, nem o perceberei.
Terei perguntas, mas não as farei,
absorta de esperar.
Virá de mansinho para que
eu transforme meu amor
de devaneios e quimeras
em toques e desejos.

 

Ao me despir,
estarei em carne viva.

 

Transcendência

 

Minha mãe é triste;
outrora feliz. Era?

 

Em alguma esquina
abandonou seu mundo,
segurou alheios.

 

Fatigada de cuidar,
dolorida da secular solidão.

 

Mas pinta
as linhas do tempo em telas
de tons borboleta.

 

E voa!

 

 

Manhãs solventes

 

Manhãs expressivas:

ora gargalham,

ora silenciam

do que ouvem cedinho,

quando as noites se despendem

e contam das visitas-surpresas:

 

Projetos empoeirados,

Sonhos ridículos

Amores corroídos.

 

As madrugadas

vasculham gavetas

de íntimas memórias.

Solucionam equações

complicadas,

casam-se de véu e grinalda,

consertam erros,

refazem caminhos.

 

Até que chegam as manhãs

e sua engrenagem de moer

projetos, sonhos, amores.

Nascituros

 

Desejos brotam
entre as ervas boas que cultivo,
qual joio no trigo.
De todas as formas e cores,
desejos obscuros, audazes,
afoitos ou de alegrar o dia.

 

Arranco, macero e piso
mas a semente fica, imperceptível.
E os danados renascem.

 

Dádivas

 

Traga o sol,

o riso e

o pranto

 

Ofereço

todo o resto.

 

Christine Resplande

Christine Ferreira Resplande, a Chris Resplande, é natural de Goiânia. Cientista Social e bacharel em Direito. Poetisa, publica seus poemas na página @, no instagram e desde março/2021 é produtora e apresentadora do projeto Encontro Poético, em parceria com o Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás.


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