quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Balada Pros Mortais

 

                                               mariana

 

gaivotas sobrevoam

os cílios da Lagoa

teus cabelos louros

espelham sal na lâmina d´água

 

o mar – complemento do teu nome

naquela noite de música

mágica – quando vozes da áfrica

saltaram da garganta

canto de todos os povos

no verde da mata

luzes na flor da pele

líquida cerveja

na sede que não cessa

 

éramos mais que tímpanos

absortos naquele espaço templo

com os olhos famintos

devorando luas

na constelação de Orions

como uma flor de cactos

sobre um chão de estrelas

 

Artur Gomes Fulinaíma

www.fulinaimargens.blogspot.com



TANTO ÓDIO, CARLOS

 

o mundo é grande

e tem extremos

 

 tem estrelas e tem estrume

tem perfume e tem veneno

 

tem dias que a gente ama

tem dias que a gente briga

 

mundo mundo vasto mundo

mundo malo  mundo bueno

 

não me chamo raimundo

mas algo estranho me intriga

 

como cabe tanto ódio

num caráter tão pequeno

 

Ademir Assunção

Risca Faca – São Paulo

Selo Demônio Negro

2021



                 Balada Pros Mortais

                        Paulo Ciranda e Artur Gomes

Música vencedora dos Festivais de Itaocara-RJ e Festival Universitário da SESRIO em 1976

https://www.youtube.com/watch?v=FkXFsr2D4Xg&t=7s

 

não sou produto da massa

nem  objeto vendido na TV

vivo distante das trapaças

madeira que se desdobra

sou pau que matou a cobra

 

tenho pena de você

 

Jura Secreta 99

 

dentro do quarto

o poema tenso

não entra nem sai

o estômago ronca

as tripas gritam de fome

e o poema preso

tenta dar um salto

pular pelas janelas

o impulso é fraco

o país é pobre

enquanto o povo dorme

a rosa se esfacela

e os restos de bandeja

são vendidos por migalhas




                                              rio, seco

 

água presa

correnteza, sem força

não passa pela pedra

 

barco ficou

atracado no cais

 

morre peixe

tudo que desova

 

piracema não parimos mais

 

Poética 48

 

Jards Macalé Macau

exorciza o Mal Secreto

cheirando As Flores do Mal

no Mirante do Leblon

 

“com caco de telha com caco de vidro

eu choro tanto escondo e não digo

viro farrapo tento suicídio”

 

é poesia Luís Melodia

voando na contra mão

teu canto um Vapor Barato

let´s play that baby

na poética do Torquato e do Wally Salomão

 

“já comi muito da farinha do desprezo

não, não me diga mais que é cedo

quanto tempo amor, quanto tempo tava pronta,

que tava pronta da farinha do despejo

me jogue fora que na água do balde

eu vou m'embora

só vou comer agora da farinha do desejo,

alimentar minha fome pra que eu nunca me esqueça"




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