AOS
TEMP(L)OS ESTRANHOS
A partir de agora saiamos de casa só com a alma,
deixemos guardados nossos corpos no armário,
– não saiamos do armário – será mais seguro nossos
ossos intactos no armário! –
Nossas vozes deverão silenciar no fundo da gaveta,
não saiamos de casa ostentando gargantas,
sufoquemos nossos sons mergulhando em
silêncios!
A partir de agora deixemos nosso sangue estocado na adega,
junto ao vinho tinto, ao vinho branco,
do contrário estaremos sujeitos
ao asfalto sangrado em vermelho!
A partir de agora não mais se demora – dia ou noite – entre idas e vindas pela
avenida!
Guardemos nossos risos no bolso da calça,
no bolso do paletó, dentro da bolsa,
escondido atrás da gravata!
Não será permitida a gargalhada tranquila
a brindar a vida em espantosas alegrias!
Não será de bom grado
o grito, o livro,
a revolta, a rebeldia,
a poesia espalhada na esquina,
nem a palavra escrita fora da linha!
Não será de bom gosto que sejamos letrados,
nem alterados em nossos estados de amor,
de ânimo ou de humor!
se colocados na ordem estabelecida!
Nossas vidas só serão poupadas
se pousadas em fila!
Desse modo, nos bons modos,
homens decentes, cordeiros, ingênuos,
guardados 'a salvo'
– bons idiotas desses temp(l)os estranhos!
semeando resistências à revelia!)
EFÊMERAS
ETERNIDADES
É mais tarde do que
cedo
nas beiras do meu tempo que se estreita
entre as curvas dos meus abismos.
Não faço malabarismos entre horas e segundos
pois entre ambos
respeitosos minutos se esgueiram
suspendendo fios compridos
de invisíveis eternidades.
É certo que viver também é isso:
esticar ao máximo futuro do indicativo
qualquer suspeita de pretérito tão imperfeito.
É preciso um dia fora do tempo.
Talvez um mês de esquecimentos.
Quem sabe assim
meus relógios se atrasem
para um passeio sem pressa
nas esquinas de todas aquelas que fui em mim.
Darei de cara comigo
brincando de infinitivos
lá bem distante
onde te encontrarei – espelho de uma de mim –
sonhando gerúndios em prelúdios e prenúncios
de um verbo ser mais que perfeito.
ENTRE OS DENTES
deparei-me com uma imensa saudade estacionada entre os dentes.
Não pude compreender, em princípio,
o porquê de estar ali parada a minha saudade,
se sua morada em mim é tão mais funda, tão mais densa, dura,
feito gordura localizada nas curvas das veias carótidas
das velhas ideias retrógradas
que vezes por outras me teimam a insistir num verbo presente,
quase imperativo, anunciando pretensos subjuntivos desconhecidos.
Depois de tentativas vãs e demoradas sutilezas,
desisti de extraí-la até a raiz
– a saudade grudada entre os meus dentes,
vinda desde o centro bem de dentro,
arraigada às minhas vísceras, florescera até as beiras da minha
boca,
procurando um sol, um vento, um canto, um verbo, um verso,
para dizer no íntimo, no ínfimo, no mínimo,
o máximo sentido do amor –.
Agora que a noite já veio, fecharei os olhos no mais puro devaneio,
mas os dentes estarão outra vez disponíveis à vontade da saudade,
quem sabe mordam vorazes os meus sonhos,
à procura da presença adormecida
– fiel depositária dessa saudade tensa, intensa,
feito tortura localizada, degrau a degrau,
das minhas estranhas escadas internas
onde ecoa a voz da saudade – entrementes –.
Escrito em 2018 (publicado na Antologia Comemorativa
Dia Internacional da Mulher Mulherio das Letras Portugal – Poesia, org.
Adriana Mayrinck, Lisboa/PT: Editora In-Finita, 2019)
C(ASAS)
Eu tenho c(asas)
que me habitam os olhos,
verdadeiras vilas
com quintais por trás das retinas,
telhados que
acolhem chuvas esparsas,
uns ventos, uns
pássaros em descanso das asas,
chaminés exalando
fumaças em busca de nuvens espessas.
a habitar minhas
casas por trás das retinas,
que corressem
livres, cantantes, felizes
– esses meninos e essas meninas –
entre o balanço das
redes e a colheita das amoras,
fazendo estrelas
brilhantes nos céus dos meus olhos depois do poente...
depois das costas,
das omoplatas,
dos contornos das
minhas estradas internas tão tortas,
passeios noturnos
indo dar na janela da alma,
quem sabe ali o
mundo estivesse sempre bonito
e eu pudesse
esconder toda essa ‘minha gente’ a salvo.
e ‘os meus meninos
e as minhas meninas’ seriam crianças felizes,
sem medos, sem
tempo, sem susto, sem limbo,
amarelinhas
desenhadas nas bordas, nas beiras,
no centro, nos
cirros, nos nimbos,
cirandas e rodas e
poesias e prosas,
risadas rosadas,
espécies de esperanças eternas
em casas etéreas
com tetos tão ternos,
deixando bem longe
as tristezas do mundo concreto...
– depois da lama,
além do lótus –
haverá de nos caber
um respirar em amor
onde ‘meus meninos
e minhas meninas’
sejam sementes e
brotos e flores e frutos
de um deus mais
decente.
MANUFATURA DE URGÊNCIAS
Depois que se amassa o pão
deve-se deixá-lo descansar
na lenta hospedaria das horas
– não se estanca o tempo quando ainda cresce
esperança –
gargantas procuram água no vazio da garrafa.
nos vãos das nossas ausências
um jardim do éden de outro jeito:
morcegos imóveis descansando do voo em cavernas
escuras,
pólens aguardando o ofício das abelhas ao meio-dia,
águas rasas, águas fundas, águas azuis, humanos
transparentes.
a gota necessária tanto fura que rasga até a alma.
borboletas voltarão:
no casulo que um dia foi casa
o futuro costura asas.
Escrito em 2019 (publicado na antologia O Livro
das Marias II – Coletânea de Poesias e Contos, org. Jeovânia Pinheiro, São
Paulo: Ixtlan, 2020)
NO REINO
RASGADO POR DENTRO
Depois das sete
a gente segue a linha reta
na estrada torta,
os becos estão escuros
como buracos negros para depois dos muros.
Nossos corpos desgastados
contrastando fomes já costumeiras pelas calçadas,
nossas almas derrotadas
destilando indiferenças corriqueiras.
As brechas dos nossos abismos
espiam meninos aguardando novos tempos,
enquanto os homens atiram balas
em ‘oitenta’ tiros destemidos,
avisando escusos reinos
no perfurar das alheias desgraças.
Penduramos esperanças em varais rasgados:
quem se importa
se a estrada ficou torta
depois da linha reta...
Já era noite nos tempos cinzas
quando nossas certezas foram mortas,
no descascar das feridas
outras tantas histórias perderam a rota.
Diluídos em moedas falsas
não valemos nada
– somos apenas o povo do reino –
quem se importa
se depois das sete
o povo cala na própria desgraça
as dores em preto e [branco] preto.
(Nesses tempos insuficientes
andei perdendo o jeito para lidar com superfícies
– o meu sonho morava por dentro –
no fundo... o poço)
Poemas escritos em 2019
COMO
DESENHAR O VENTO
Antes do vento
você deve sentar-se à beira
tomar gosto por coisas voantes
saber distinguir o barulho de asas ao longe
cuidar para não colocar os pés sobre as miudezas do
reino
então olhar o horizonte devagar
bem devagar
de um modo tão específico
que seja possível traçar as inquietudes do sopro
–
Sim, todo vento é uma soma incalculável de sopros,
cada sopro
uma ondulação da vida feita de sopros,
quem sabe de algum deus
[mas não te enganes, não o teu deus, nem o meu
deus!] –
você deve sentar-se à beira
tomar tento por movimentos de dentro
saber conhecer de nuvens
e divagar
bem devagar
de um modo sereno
como se fora a rotina das borboletas
levando consigo, em saltitantes caminhos,
a lembrança da lentidão das lagartas.
Ainda que o vento não chegue tão cedo
você deve sentar-se à beira
e ouvir o sopro
– o suave murmúrio de um deus
a dizer que viver
não passa de um mero intervalo
entre alguns dos teus melhores infinitos –
Só então terás desenhado o vento.
O sopro.
À beira do teu tempo.
DO FIO À FONTE
Ando inundada de águas,
Poemas escritos em 2020
Dize-me
de que é feita a tua carne,
essa que te faz maleável ao teu corpo
em movimento,
de que cor é o sangue que te corre
pelas veias
e que te dá o alimento ininterrupto,
de que é feita a tua alma,
aquela que te faz consciente de ti
mesmo,
que te dá a razão, os sentidos, a
percepção de mundo,
para que te faças assim,
vil herdeiro de tantos atos insanos, e
profanos, e perversos, e regressos,
a ponto de dilacerares teus próprios
pesares e te considerares superior?
Dize-me
de que material és feito
para te julgares senhor das mil razões
e proprietário vitalício daquela que te
pariu?
Com qual dignidade te vestes
para bradar tua superioridade às custas
da exclusão diária de gênero e de raça,
quando te apossas do verbo mais alto
e gritas tua violência fora de todas as
medidas
na casa que te dá guarida,
na mão que te prepara o pão de cada
dia,
nos lábios que te beijam
e no coração que te entregou todo o
afeto outrora tão sonhado?
Dize-me
por que te atreves a violar teu lar,
por que razão te atinas a querer
assassinar aquela que pensas ser tua,
por que arrancas sua roupa e a pões nua
sobre a cama,
em busca de um prazer de ‘rua sem saída’,
e segues a matá-la pouco a pouco, dia a
dia,
pelas beiras, ao redor, por dentro e
por fora,
até o golpe derradeiro,
como se fora ela propriedade tua,
a mulher que te pôs a mesa e te deu o
alimento de toda a vida?
Dize-me
o que pretendes com teu dedo em riste
com
tua agressão em salto
com teu membro em surto?
De que lado irás cair quando estiveres
em súbito pranto,
arrependido de um machismo estreito,
de um racismo perverso
que te encurralou ao chão?
Dize-me
por que mais de 60% das mulheres
assassinadas no Brasil
–
quando raça encontra classe social –
são mortas por serem negras
por serem negras pobres
por serem negras pobres
mulheres?
Quem és tu, afinal,
além de um efêmero humano
passível de descarte pelo tempo e pela
vida
– aquela mesma que te foi dada,
mas que te pode exigir devolução
imediata,
a qualquer tempo, dia ou hora? –
Dize-me
por que
para que
até quando?
OUTRORA
Tantas vezes os dedos escreveram tua
sina
nem percebeste a razão dos caminhos
secretos depois do chão
apenas ias, dia após dia, ias
os labirintos estavam por toda parte
– quantas vezes te perdeste em solidão?
–
Tantos dias foram deixados à míngua,
sequer te atrevias a erguer os olhos a
procurar saídas,
eras como uma montanha rígida em matas
profundas,
nem te arriscavas a buscar outros
horizontes,
apenas respiravas, incólume ao passar
do tempo
– quantas auroras te encontraram
desconhecida de ti mesma? –
de nada adiantou consultares teus
oráculos,
tuas cartas de tarot tão antigas, tuas
runas já lascadas pelas beiradas,
ou aquela cigana que te pedia a mão
aberta e te avisava, insistentemente
: aqui há um final de linha, uma
bifurcação, um gerânio ressecado por falta de cuidados, uma espécie de diário
com páginas rabiscadas e depois rasgadas, faltando palavras, faltando palavras,
faltando palavras...
[ela não parou mais de repetir, até
sumir na esquina]
de nada adiantou teu nome tatuado na
eternidade,
– e eu nunca mais soube dizer [teu
nome] –
em minha memória tua sombra é feita em
sépia
e tuas palavras me invadiram
[aquelas que te faltaram]
– quantas taças de mar tu bebeste,
antes do teu juízo final sobreposto em inundações de azuis? –
: tu foste aquela de mim que já viveu
outrora!
PARTILHA*
"Quanto
mais a matéria é, em aparência, positiva e sólida, mais sutil e laborioso é o
trabalho da imaginação"
(Baudelaire,
'Curiosités esthétiques')
escavações na memória
buracos abertos em todos os cômodos
até encontrar o vazio
colocar abaixo
a colher que conduziu à boca o gosto
secreto
– mastigar silêncios necessários –
o cobertor que escondeu os sonhos bem
protegidos
– aquecer saudades teimosas –
o lustre que acendeu a noite
– brilhar, continuar a brilhar a
estrela-guia –
a xícara que guardou o café até esfriar
– sorver lembranças até o último gole –
o chamado longínquo que se evapora no
vão
como se fosse ontem
a casa cheia de tempo
a mesa posta
um murmúrio atravessando auroras
gargalhadas súbitas
dando de cara com a cozinha tão viva
um jeito de ave, como ele ia...
uns passos de solidez altiva, como ela
vinha...
como se fosse possível
guardarmo-nos abrigo em cada porcelana
e uma estratégia misteriosa
levando-nos à frente
porque o portão em breve será fechado
(e nossos passos não poderão
retroceder)
o tempo material é linear
[as costuras finais deverão resistir ao
esquecimento]
– a vida [sólida, líquida ou gasosa] é
quase sempre ilus(traç)ão –
2021
(inventário de esperanças desmembradas... porque eles – nossos pais – partiram e,
em breve tudo será retrospecto)
SINA
Tão tarde para queimar a vela esquecida
no altar da tua alma,
por dentro, os destroços de uma casa em
ruínas
e uns dedos longos que escreveram
poucos argumentos acima dos teus segredos:
tão breve o silêncio, sem qualquer
possibilidade de dizer sobre o tempo que nunca veio...
[Aqueles que escrevem têm as unhas
rasgadas pelos densos dos seus medos,
outros modos de percepção do que segue
no limiar do absurdo,
perscrutando dimensões de outros
mundos,
onde devaneios são sementes germinando
paraísos em um universo paralelo derradeiro]
Tão fina a folha quanto a asa da
andorinha em lonjuras nunca percorridas,
assim te fazes, tu que escreves das
coisas jamais vistas por outros meios
que não teus ecos silenciados pelo
espanto!
Aquieta teus reflexos, suspende a tua
angústia uma oitava acima,
desce os olhos de dentro ao peito mais
profundo,
saberás legitimar tuas verdades na
mesma medida da tua necessidade mais genuína:
– Tu és aquela que nunca termina! –
[Aqueles que consomem escrituras têm as
asas apartadas dos seus dorsos,
outros meios de linguagem para abarcar
os sentidos do coração:
a palavra – um silêncio feito de
matéria visível que desanda distante da forma exata –
amplifica os sentidos nunca d'antes
conhecidos]
Depois dos tempos, dos séculos,
contornos ou regressos,
serás feita da mesma essência das unhas
rasgadas pelos densos dos teus tantos medos,
das mesmas asas apartadas do teu dorso,
no melhor meio de linguagem do teu voo:
– Tu és aquela que aventura asas na
imensidão! –
'SONHONÁRIOS'
dei para sonhar com palavras soltas, esguias, às vezes retilíneas
noutras, feito ouroboros, enrolando-se sozinhas, como se fossem autofágicas,
engolindo-se entre o início e seu fim,
sem necessidade de vírgulas,
reticências ou pontos finais
ora voam, bailando no éter como se fossem bailarinas de uma dança sem contexto
ora se fingem de montanhas alongadas e
imensas, a engolir famintas os horizontes
outras vezes, fazem-se de vesgas,
renegando lonjuras à vista
– não há necessidade de texto quando
palavras já se fazem tão exaustas –
quando estou desperta, por vezes emudeço, à deriva,
em silêncios sobrepostos sobre a cama,
então, há que eu faça da garganta meu
refúgio solitário,
em fricção das cordas à procura de
resgatar meus sons originários
depois, ao dia já quase ao meio, é quando a epifania se completa:
as palavras – essa linguagem tardia do
pensamento – vêm aos poucos,
esticando-se enfileiradas no contínuo
da linha estendida sobre o papel
às vezes nem chegam, vagam a esmo até a próxima noite
à espera do retorno da mesma [onírica]
fome de sons
[você conhece a linhagem do silêncio?]
ESCASSEZ
Ando
à procura de um novo modo de dizer sobre o mundo e esse meu outro 'planeta' que
me mantém viva dentro de um corpo que também me é mundo.
Escorrem
[como um rio largo sem fundo] os pensamentos, os sentidos, os perdimentos,
e
já não acho graça em apenas traçar linhas retas sobre um tempo que se curva.
Há
um labirinto ousado nascendo em meu dorso
e,
vezes tantas em dores tontas, esqueço por que foi que me resultei na escrita.
Essa
aridez, esse deserto, essa não-vontade da palavra:
mudez
catatônica que me trava intacta sobre um chão sem caminhos.
Tornei-me
inesperada, tardia, quase ausente,
não
compreendo as razões para a imagem que me devora:
estou
estilhaçada em silêncios sobrepostos à base do que me constitui a alma
–
Sinto-me escassa de minha seiva –
[haverá
outra vez aquela 'chuva' que semeia a palavra?]
TREINAMENTO PARA TEMPOS ABSURDOS
À janela, a claridade da tarde pede passagem
nuvens esparsas correm apressadas pelo céu
– não há treinamento mais intenso, magnífico [e absurdo]
para o deus do ocaso
do que o cultivo de tardes à espera do poente –
Nenhum acaso será permitido ao tempo dos homens
já que as escrituras, oráculos ou runas
previram destinos tristes àqueles que renegaram suas origens
feitas de terra, água, ar, fogo
[e ventanias, tempestades, solidão e abandono]
Disse a sábia senhora das montanhas:
– Deixar os olhos dispostos ao breu,
buscar a noite com sofreguidão,
escolher estrelas brilhantes, distantes,
fazer do caminho um passo a seguir, apenas um, sempre mais
um
– o caminho nunca será visível se não soubermos a razão de
cada passo! –
Na janela as vozes se espalham,
aqui dentro
o silêncio fala a linguagem dos absurdos
e eu choro – por não saber traduzir –
REFÚGIO
Meu pai colecionava silêncios
– um olhar perdido nas distâncias –
minha mãe gostava tanto de rir!
[gargalhadas lindas as da minha mãe]
eu coleciono silêncios e sorrisos
ou risos
às
vezes gargalhadas
[mais raras]
De silêncios
minha coleção é farta
de alegrias
minha coleção é tão pequena
Nestes tempos
a guerra é obstáculo imenso
a fome
o racismo
a violência
tudo o que dói
me dói
os homens me doem
aqueles que nada enxergam além do próprio umbigo
os que só sabem acumular dinheiros
à custa das misérias alheias
os que devastam florestas
em nome do agronegócio
os homens poderosos,
machistas, misóginos, homofóbicos
aqueles que veem mulheres
presas fáceis
– meros objetos do seu desejo –
hei de resistir
a
colecionar sorrisos
risos
quiçá
gargalhadas
assim
ao olhar a fotografia
esqueço
por alguns segundos
das dores do mundo
(meu álbum é meu refúgio)
Poemas escritos em 2022
Nic
Cardeal
Nic
Cardeal (Eunice Maria Cardeal), catarinense
radicada em Curitiba/PR, graduada em Direito, é autora dos livros “Sede de céu
– poemas” (Penalux, 2019) e “Costurando ventanias – uns contos e outras
crônicas” (Penalux, 2021). Publicou textos em 46
antologias e coletâneas, no Brasil, na
Alemanha e em Portugal. Faz parte do movimento “Mulherio das Letras” desde a
sua criação, em 2017. Seus escritos estão compilados na página do Facebook,
“Escrevo porque sou rascunho”. Possui textos publicados em diversas revistas e
blogs eletrônicos. Também publica, como autora e colaboradora, na revista eletrônica
‘Revista Feminina de Arte Contemporânea Ser MulherArte’.
Fulinaíma MultiProjetos
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