terça-feira, 12 de outubro de 2021

pornofônica

 


                                       sessão delírio

 cheguei no templo e Dionísio saia do banho de roupão entre/aberto, aparentemente bêbado com uvas pelo corpo inteiro, delirava: -

 “saibam quantos estes meus versos virem, que te amo do amor maior que possível for” –

 tinha o manifesto antropofágico debaixo do braço direito, e debaixo do braço esquerdo o livro Serafim Ponte Grande - pensei: é Traição das Metáforas - não sei como ele ouviu - mas respondeu: não, é Oswald de Andrade.

 me levou para o quarto onde mantém o seu altar, ainda em transe e sussurrava nomes que não conseguia decifrar muito bem, mas dois deles Dionísio pronunciava mais claros: Luana Tonello e Magnolia Faria.

 disse-me que eu deveria fazer uma viagem mental de Bento Gonçalves a São Fidélis, para ver o que possivelmente eu teria deixado no meio do caminho: pensei - a pedra de Drummond .

 ele me disse: não. - As Peladas do Leme - e me receitou corpoemas de Daniela Pace duas vezes por dia. E me lembrou de uma performance que eu havia feito em 2008 no Cefet de Bento Gonçalves durante a programação do Congresso Brasileiro de Poesia, com May Pasquetti e Érika Ferri. - lembra? perguntou-me.

Tenho um vaga-lume de lembrança.

 Pois é- disse-me Dionísio: aquelas uvas que elas esfregaram em seu corpoema estavam todas enfeitiçadas, e agora para desfazermos esse feitiço as Vênus de Milho terão que amassar com os pés todas as caixas de Uvas que o Bacca nos enviou e com o vinho delas você s livrará desse feitiço. Caso contrário você vai levá-las até o Olimpo por toda a eternidade.

 

o poema

é um coice

na sombra da noite

vagalume catando luz

na escuridão



meu ator preferido desabafava ontem comigo sobre as dificuldades de subir ao palco hoje para interpretar grandes personagens. para ele não há mais diretores e produtores preocupados em produzir teatro, e sim, entretenimento, besteirol, stand up. discípulo direto de Antonin Artaud reclama desse vazio monumental fazendo com que grandes atores se exilem dentro do seu próprio corpo.

 

“Quem sou eu?

De onde venho?

Sou Antonin Artaud

e basta que eu o diga

 

Como só eu o sei dizer

e imediatamente

hão de ver meu corpo

atual,

voar em pedaços

e se juntar

sob dez mil aspectos

diversos.

 

Um novo corpo

no qual nunca mais

poderão esquecer.

 

Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,

meu pai,

minha mãe,

e eu mesmo.

 

Eu represento Antonin Artaud!

Estou sempre

morto.Mas um vivo morto,

Um morto vivo.

 

Sou um morto

Sempre vivo.

 

A tragédia em cena já não me basta.

Quero transportá-la para minha vida.

Eu represento totalmente a minha vida.

 

Onde as pessoas procuram criar obras

de arte, eu pretendo mostrar o meu

espírito.

 

Não concebo uma obra de arte

dissociada da vida.

Este Artaud, mas, por falta do que fazer…

 

Eu, o senhor Antonin Artaud,

nascido em Marseille

no dia 4 de setembro de 1896,

eu sou Satã e eu sou Deus,

e pouco me importa a Virgem Maria.

 

EuGênio Mallarmé

www.brasiliricapereira.blogspot.com

 

estou virado no corisco

muito além do avesso

do que chamamos carnaval

            sem temer o risco

de lamber tuas belas coxas

             e beber água de sal


                   procurando o ponto g

 

tem um fantasma

escondido no telhado

talvez fugindo do planalto

depois do assalto

com a família do palácio

 

mas eu quero mais a flor do lácio

na Mocidade Independente

de Padre Olivácio

a Escola de Samba Oculta

onde você nunca me viu

 

e ainda te faço essa pergunta:

de onde veio essa família

qual foi a mães que os pariu?

 

Gigi Mocidade

in Cadernos de Viagem

www.suorecio.blogspot.com

 

não sei se escrevo tanto

não sei se escrevo tenso

nem sei se escrevo torto

se eu te disser o que penso

pensarás se estou vivo

ou perguntarás se estou morto ?

 

Federico Baudelaire

anotações em um cadernos de viagem

https://www.youtube.com/watch?v=45koXtM1Bhs




quando fui morar em Amsterdam

levei apenas um casaco de lã

e um Leminski na sacola

Amsterdam foi minha escola

a primeira garrafa de coca cola

que bebi na Mocidade

Mayara uma palavra ainda distante

nas entrelinhas de Mayra

quando voltei pra Itabira

o Ira tinha outro significado

e o Amar já era verbo conjugado

em alguns livros na estante

 

Federico Baudelaire

in Cadernos de Viagem

para Darcy Ribeiro in memória

https://www.facebook.com/federicoduboi

 

 deus não joga dados

mas a gente lança

sem nem mesmo saber

que alcança

o número que se quer

mas como me disse mallarmè

:

- vida não é lance de dedos

é lança de dardos

deus não arde no fogo

                  mas eu ardo



 dedique o seu amor

a quem você ama

escreva entre estrelas e lua

com a bunda sempre nua

faça poemas na cama


Gigi Mocidade

Toda Nudez Não Será Castigada

https://www.facebook.com/giginua

 

 quanto mais

 explícito

su-real enigmático

poema é signo

     matemático

 

todas as vezes

que me dei pra ele

as camas foram de areia

vento água de sal

sol maresia

a lâmina era de músculos

o sangue me ardia

Todo Dia É Dia D

Dar pra Ele é Todo Dia

 

Lady Gumes

https://www.facebook.com/zeusmelivre



metáforas inB

pelos 200 anos de Charles Baudelaire

 

bebo teus olhos d´água

como quem beija a boca de Bacco

nos vilarejos de Trento

em algum Museu do Imigrante

n´alguma Itália de Vêneto

ou algum altar de convento

 

beijo a tua língua de vinho

com a mesma língua de Vênus

sem nenhum esquecimento

Dionísio bêbado pelos Cassinos

transando nos pergaminhos

por Bares e Becos de Bento

 

Federico Baudelaire

www.fulinaimargem.blogspot.com



o homem com

a flor na boca

Baudelíricas Baudeléricas

o poema uma beijo em tua boca bruna tem um B entranhado entre as coxas a pele das amoras gemem quando venta forte em tuas fêmeas como hoje - comi duas nessa manhã incendiária - quando vim da cacomanga trouxe nos bolsos da calça remendada linha carretel cola de trigo cerol bambu papel de pipa pique bandeira pique esconde jabuti preá da índia pés de abóboras replantáveis o pé de abacate ainda não nasceu - isadora chegou ontem 30 de março numa tarde outono à sol aberto noite gelada frio na medula -  maya ainda escreve sobre depressão no tempo falks may abriu as asas pra malásia e a outra mora do outro lado em outra terra rio grande muito longe tenho sede

 

Artur Fulinaíma

www.arturfulinaima.blogspot.com

 

 não me canso

sempre penso

sempre digo

uma nação

só será uma nação

quando  sua população

deixar de olhar

seu próprio umbigo


experimentar o experimental

 experimentar na palavra experimentar processo de criação infinito poema sempre inacabado. poesia experiência Mário Faustino. poema processo Moacy Cirne. gosto muito de ouvir Adriana Calcanhoto falando Mário de Sá Carneiro e ainda mais falando polivox Wally Salomão. buceta lisérgica palavrão. vagina essa palavra doce irreverência experimental na criação de uma com trinta e três metros de tamanho para afrontar pastores brochas. caralhos cegos mudos surdos. os que não fodem os que não falam os que não tem na língua o falo. o templo hoje exige experimentação. quem nunca lambeu um picolé de manga? quem nunca meteu a língua numa cavidade que sangra?.  Hilda Hilst sempre me dizia que esse buraco era a sua casa.  fazer cinema com poesia é foda experimental experimento e faço. fazer amor com Gigi é sex e quem disse que não faço?

 

Federico Baudelaire

por uma nova poética libertina pelas entranhas de Baco

www.porradalirica.blogspot.com

 

no coração dos boatos

a sola  do meu sapato

                    se esfolou

 

aurora

 

ainda me arde a tarde

toda noite quando

não amanhece

todo dia em que

não vejo aurora

toda Aurora que morreu

um dia

 

Micaela é uma mulher

que não quero na distância

 

ainda me arde

a noite que não queira

o inesperado o imprevisível

o impossível ainda está

para ser re-inventado

 

ainda me arde as nuvens

luas girassóis estrelas

quando não tocá-las

quando não for possível

vê-las.

 

Artur Gomes Fulinaíma

www.secretasjuras.blogspot.com




 pornofônica

 

revisitando Torquato

pra espancar a maresia

Todo Dia É Dia É Dia D

Poesia Todo Dia

 

"toda palavra guarda uma cilada

transparente em cada orla"

 

no hospício ou sacristia

esse governo é uma cagada

muito pior que a pandemia




 Artur Gomes

FULINAIMAGEM

www.fulinaimagens.blogspot.com

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