terça-feira, 12 de março de 2024

Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade

 Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia

 

mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no que foi o que é e o que pode ser.

 

Abertura:

Leitura do poema Cidade, de Prata Tavares, por Artur Gomes

 

Participações:

mesa de bete-papo:

 Sylvia Paes + Fernando Rossi + Carol Poesia + Ronaldo Junior

 poesia:

 

Clara Abreu + Jonas Menezes + Valdiney Mendes + Marcelo Perez + Gezebel Mussi

 

música:

Thais Fajardo + Arnaldo Zeus + Reubes Pess + Renato Braga

 

teatro infantil:

 Grupo GOTA

direção:

Simone Jardim

 

contação de estória

: Onalita Tavares Benvindo

 

produção:

Artur Gomes e Clara Abreu

direção: Artur Gomes

leia mais no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/

Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos – Uma Nova História


sexta-feira, 8 de março de 2024

Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade

 Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia

 mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no que foi o que é e o que pode ser.

 Abertura:

Leitura do poema Cidade, de Prata Tavares, por Artur Gomes

 Participações:

mesa de bete-papo:

 Sylvia Paes + Fernando Rossi + Carol Poesia + Ronaldo Junior

 poesia:

Clara Abreu + Jonas Menezes + Valdiney Mendes + Marcelo Perez + Gezebel Mussi

 música:

Thais Fajardo + Arnaldo Zeus + Reubes Pess + Renato Braga

 teatro infantil:

 Grupo GOTA

direção:

Simone Jardim

 contação de estória

: Onalita Tavares Benvindo

 produção:

Artur Gomes e Clara Abreu

direção: Artur Gomes

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https://fulinaimagens.blogspot.com/

Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos Uma Outra História

sábado, 2 de março de 2024

despautério de torquália


 despautério de torquália

 

nada demais

se o muro é pintado de verde

não sei se ainda quero ver-te

neste país do carnaval

 

lírico demais

se os planos são enganos

para mim tanto faz

as perdas e os danos

 

eu sou como sou: vidente

e vivo tranquilamente

todas as horas do fim

 

se o poeta é um anjo torto

a tarde já nos traz

o corpo de um outro morto

 

agora não se fala mais

toda palavra é uma cilada

o início pode ser o fim

do começo que não deu em nada

 

eu sou como sou: vidente

e vivo tranquilamente

todas as horas do fim

 

nada de  mais

se quiserem roer o osso

já não estou nem aí

como geleia até o pescoço

 

nada de mais

se a palavra é precipício

o que fica tanto faz

a poesia já não corre risco

 

Herbert Valente de Oliveira

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https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/


https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Artur Gomes - O Homem Com A Flor Na Boca

Artur Gomes

O Homem Com A Flor Na Boca

Um Canibal Tupiniquim

 por Fernando Andrade | escritor e jornalista

 Um homem cita um poema de nome. O músico já usou a cítara para musicar este poema pelo nome. Tudo já foi transformado, o poema para canção, a rima comeu a melodia e fez troça e troca de nome. Mas o poema do livro O homem com a flor da boca, da editora Penalux, nos devolve este país, do samba, do riso piada, Leminski, a força do ato canibalista de deglutir o que veio antes da poesia concreta, até a letra da canção de Luiz Tatit. Artur Gomes fez das suas, com tanta fome, comeu a maioria dos poemas que leu na vida e canibalizou e carnavaliza referências, citações, humor de longa estrada, ou beira de bar, trabalhando com gume de faca afiada e o lume de um pôr do sol em Ipanema, lembrando Vinícius.

São poemas bons para musicar tanto na solidão de um violão, quanto, atravessada por uma voz tenor, sax soprano. E não falta sexo, sacanagem, tesão, nas palavras das palavras num atravessamento em plena Quarta feira de cinzas, no resultado do carnaval. O desbunde da bunda, o levante dos órgãos, a gíria, e a menina com fio da linha escrita, carregando anedotas, fábulas e circos. O poeta não faz gênero, ele é macho, e fêmea, Simone, em segundo sexo. São poemas para emprestar ao amigo que está com fone de ouvido se atentar para a prosódia do verso, para quem sabe não copiar e transformar Amor em flor na boca.

 

https://www.literaturaefechadura.com.br/2024/01/22/livro-de-poemas-o-homem-com-a-flor-na-boca-canibaliza-a-historia-brazuca-do-verso-em-poemas-tropicalistas/


                          poesia

 

I

chegas a mim

como uma égua assanhada

não quer saber do meu carinho

só quer saber de ser trepada

 

II

 

eu te penetro

em nome do pai

do filho

do espírito santo

amém

 

não te prometo

em nome de ninguém

 

terra

 

amada de muitos sonhos

e pouco sexo

deposito a minha boca

nu teu cio

e uma semente fértil

nos  teus seios como um rio

 

Artur Gomes

Suor & Cio – MVPB Edições - 1985

https://personasarturianas.blogspot.com/


sábado, 27 de janeiro de 2024

múltiplas poéticas



recife ontem
era só pedra da boa viagem
o mar fugiu do horizonte
e o carnaval está nos muros
e paredes que dançam
ao som dos maracatus
do mato
fotografei um retrato
nas ladeiras de olinda
mas não era linda a íris
na retina da menina
que pariu antes dos 15


Federika Lispector

https://fulinaimargem.blogspot.com 

imagem: Felipe Stefani


AS MULHERES ENVELHECEM

As mulheres envelhecem
Eu, enterneço
usam saias longas e roupas fechadas
eu não ligo pra fachada
utilizo meus mistérios
me uso mulher ...
com as pernas longas
e o bico do seio à mostra..

 

Luiza Silva Oliveira



SENHORAS E SENHORES!

por que tantas coisas no mundo!
a maioria, absurda, feia, maluca.
quando vou ao supermercado comprar ossos de peixe
fico perturbado com a pobreza de tantas coisas.
a mais notável
além de minha imaginação,
PAPEL HIGIÊNICO.

sinais de vida, dejetos em trilhas de animais,
olá coiote, olá veado, olá urso, olá gambá!
para comprar papel higiênico, penso eu,
a Salamandra de Tóquio
tem de ir a Tóquio toda semana?

coma feito o pássaro
durma feito o peixe
pelo mistério dos mamíferos
eu pago impostos à natureza,
todas as manhãs
sem papel higiênico.

no riacho cristalino
despachando minha ex-comida
eu limpo o traseiro com água fresca.
por regiões e estações,
a luz age sobre as flores de muitas maneiras,
forma, cor, aroma -
gentis e amáveis para a sua bunda.
olá glória da manhã, olá camélia, olá magnólia!

a terra da águia
deserto de Pinacate, México
limpo por uma flor de cacto bola
enterrada fundo na areia vulcânica
ah, meu entulho velho
agora pode desabrochar
como uma flor de yucca, a vela do deserto.

ah relva! ah árvore!
deusas do oxigênio, energia, beleza!
indiferentes à infidelidade dos homens
vocês são generosas em
flores na primavera
verdes no verão
escarlates no outono;
olá chuva-de-prata, olá zimbro, olá álamo!
não façam cócegas em meu ânus, olá cogumelo soma!

senhoras e senhores!
ao nascer do sol
apanhem orvalhos furta-cor
na larga folha da taioba,
exorcizem suas nádegas.

crânios fantasmas de árvores sob a pólvora,
fábrica infernal lançando polpa - papéis
empilhar, amontoar, bem alto no supermercado
PAPEL HIGIÊNICO

está chegando
uma enchente de papel higiênico
como diarreia
junto com todas as criaturas
a enchente vai nos arrastar até o Hades.

tapeçaria dos céus -
as penas de nossas irmãs voadoras
espalham-se generosas
nos bosques, praias, pradarias e cidades,
adorável para a sua limpeza,
olá beija-flor, olá carriça do inverno,
olá papa-léguas, olá garça-branca!

buquê de corais do mar,
mas não use anêmonas vivas,
certamente machucam seu traseiro;
algas secas, búzios, OK.

se preferir (um tentáculo de polvo).
encantados por seus dejetos na água rasa
pequenos peixes vêm até você
pegue-os, coma-os por misericórdia.
a grande baleia
olá Moby Dick
lave meu cóccix com o seu jorro!

coluna vertebral da Mãe Terra,
ponte entre a a eternidade, a história humana e sua alma,
o mais afável papel de lavabo
pedra e rocha!
chocado pelo sol
em um leito de riacho
este seixo opalino
respira, cresce e desce
até o outro lado do riacho conosco.
tão macio, tão morno!
dá pra comprar essa beleza no mercado?

aqui, na geleira
ventos que congelam a mente
nada para servir como lenço, mas
veja! passando sobre a morena
um pedaço de nuvem branca.

senhoras e senhores!
já passou da hora.
preciso pagar impostos à terra.
ao longo do riacho límpido
as azaléias do cânion hoje desabrocham.
agachado em uma pequena cachoeira
escutando a canção de um pato-mergulhão
a flor em minha mão
eu medito sobre uma merda alegre,
perfeita cerimônia da circulação universal
tão antiga
tão nova dia após dia.

******
Nanao Sazaki
Tradução: Felipe Melhado 

via Ademir Assunção – no face


três poemas para
desorganizar sábados
e assassinar domingos


se eu soubesse
diria teu nome
essa fome
sangrando janeiros
tuas pernas abertas
ao medo

....................................................

o estômago sempre vazio
é um órgão criativo
esqueça a escassez
alimente incêndios
de poetas
o inferno está cheio

....................................................

os pássaros sabem
o salto contém a queda
para voar
é preciso
cortar asas

.......................................................

se eu soubesse
um verso faria
teus olhos fechados
para reforma
as garrafas não falam
sozinhas

.........................................................

um léxico
de silêncios
para melhor
ouvir
os pelos
crescendo

.........................................................

ela sabe
o que eu não sei
enfiar a língua
até o fundo
do meu ouvido
exterminar a paz
dos domingos
estar ausente
apenas
sendo

noturno em dor maior

a Leonardo Manzoni

um erro sempre serve
se a dor vertendo inverte
se do fácil fogo faz afago
um erro perfeito é muito raro
perícia de preguiça infinita
um despertar de misérias muitas
se das ruas da morte a sorte
do mais perfeito dos erros
essa ilegal mania minha
de verter do inverso o nexo
em noites de contínuo açoite
a súbita invasão desmedida
ladeira abaixo
rio acima

um meta
poema
lírico

a José Luís
dos Santos
( em memória )

do
euro - branco -
cristo - centro

mais um
preto
pra vala

enquanto
a moderna
poesia
burguesa
prospera

euro - demo -
cristo - crática

este não é
um poema -
panfleto

antes
um soco
no vento

versos
apenas
sendo

estorvo
opaco
inútil
cansaço
obscuro
silêncio

eu não
procuro.
eu encontro

uma vela
pra vala
de mais
um preto

toda
novidade
é feia

os poetas
são cúmplices.

uma vergonha
dos versos
verte

disse Samuel
Becket
em meio
aos destroços
de si mesmo

e o circo
aplaudiu

mais um
preto
pra vala

nenhuma
poesia
nestas
salas

apenas
um poema
seco

ou o som
sujo

da mais
suja

das
chuvas

Intertexto:
Aforismos
Pablo Picasso

Ilustração:
Henri Matisse
Harmonia em amarelo
( 1927/1928 )

garbo gomes
UVA.PR.BR
janeiro/ 2023


 

ave, pássaro!

esse menino canta. como uma aventura. como um mensageiro. como um sinal. daqueles que esclarecem. esse menino é fora de moda. porque ele sabe o que faz. com suas mãos, com seu coração. esse menino corre o mundo. acorda todos que estavam esperando por uma palavra bem cantada. pela vida entre a poesia e a música que ele alinha como se fosse um marujo. daquele mar bendito de tantas e tantas mais belas letras, daquelas melodias que pescam os arrecifes dos nossos amores e paixões. como um predestinado caminhante. como um irrefutável mutante. belo homem que caminha em direção ao sonhos dos seus pés, que pisam a brisa de um novo vento. de uma corrente onde, pelo tempo, somos os seus mais aficionados fãs. como uma urbana bússola rural, Chico prepara um recital como poucos. sabe que agora precisamos ser mais. como uma embarcação que nos hospeda, e que nos traz novamente uma célula. uma molécula recheada de amor e da precisa palavra que fala. fala a canção de todos nós, desesperados, por um pouco de poesia e pão sonoro. de uma partitura, partícula que se espalha, distribuindo com o seu colar de horas, uma rota. a rota dos esperançosos homens e mulheres. daqueles e daquelas dispostas, como se fosse a luz dos desejos de quem nunca se esqueceu de sorrir. ontem foi o aniversário de Francisco Cesar Goncalves . uma data de um artista para ser sempre celebrada e celebrado. como tudo que seduz. como tudo que constrói uma permanente barcaça. onde pelas suas bordas, podemos respirar e viver. parabéns amigo Chico César !!!!!!


Cgurgel 


"Aprendi com o povo e com a vida, sou um escritor e não um literato, em verdade sou um obá. Não nasci para famoso nem para ilustre, não me meço com tais medidas, nunca me senti escritor importante, grande homem: apenas escritor e homem”.

Jorge Amado, 49 romances publicados, traduzido para 80 países em mais de 40 línguas.

Só digo uma coisa...baixa a bola, distraídos.

 

Simone Bacelar


O melhor livro de poemas brasileiro publicado em 2023

 

por Henrique Wagner

O melhor livro de poemas brasileiro publicado em 2023 que EU li se chama “Quando chegam os tártaros?”, e foi escrito por Rosana Piccolo. A editora se chama Ofícios Terrestres. Se houver justiça – ou inteligência – na próxima comissão julgadora do Prêmio Jabuti, o livro da Rosana será, no mínimo, semifinalista.
Seus poemas, que me fizeram pensar em Orides Fontela (ambas graduaram-se em Filosofia, aliás), são feitos de osso – nem um pedacinho de carne, muito menos de gordura. E um osso vai roçando outro osso até causar atrito e, naturalmente, dor. À primeira vista, os poemas de Rosana Piccolo podem parecer um amontoado de versos que se aproximaram por meio de uma associação livre lacaniana, mas não se enganem: tudo, absolutamente tudo em “Quando chegam os tártaros?” faz sentido e pode ser compreendido, tal qual a poesia inicialmente hermética de Mallarmé. E quando isso acontece, dá-se o fenômeno da iluminação, da epifania, do susto também (pensamos: como pode alguém ter escrito algo tão bom?). Poesia substantiva, cheia de pontas deliberadamente soltas, e com um grau altíssimo de imaginação (mas nem por isso a poeta se passa por nefelibata), o que encontramos em “Quando chegam os tártaros?” é literatura que está à altura da obra que a inspirou, o grande romance italiano “O deserto dos tártaros”, do genial Dino Buzzati. Quem sabe me animo e faço uma resenha do livro? Abaixo, um poema e a foto da capa.

mesa da calçada

toldos e telhas
odor de bacon nos bares
manchete do pôr do sol

malha, sequelas do meio-dia
batom de lolita
– cereja pisada

panfletos se debulham como pétalas
casarões à brisa
gárgulas

desagasalhadas

golfam grifes de verão
na úmida gravura do meu rosto

 

Rosana Piccolo



o vampiro

come chupa

palavra por palavra

sílaba por sílaba

o sangue de  cada veia

que bombeia

no poema

 

Artur Fulinaíma

https://arturkabrunco.blogspot.com/



CALCINHAS MOLHADAS

bendito é o fruto do vosso ventre!
cócegas no ventre
um líquido gosmento escorre entre minhas pernas
assustada
excitada
vou pedir explicação para o divino

sou açoitada e despejada
por falta de pagamento!!

endividada tento quitar
minhas indulgências

Ah... santo padre, perdoa-me!!!
mas o mundo da luxuria é o mais perfeito
ah... sinto-me agraciada com mais um toque

e a energia sexual se transforma em energia espiritual

mas as cócegas continuam
cada vez mais intensamente
é a comunhão com o divino

é pecado,
diz uma voz pequenina, quase inocente

e uma fila de famintos me esperam
em orgias

fujo pelos porões sepulcrais
escuros, abafados
só vejo anjos nus com seus corpos
atléticos, musculosos

santificada
abençoada
me utilizo da leveza
dos anjos

pego a mão de Afrodite

e sou conduzida pelo deus baco
para mais uma orgia dos deuses!

Virgem Maria, rogai por nós!

 

Luiza Silva Oliveira


Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade   Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia   mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no qu...