pensamento reggae - para Celso Borges

 

                pensamento reggae

                               para Celso Borges

 

baby gasolina já subiu de preço

nunca mais vou poder

procurar teu endereço

 

você mora longe

minha grana é zero

o tanque do meu carro está vazio

não vou poder encher

 

gilberto gil me disse

pra andar com fé

que a fé não pode faiá

 

mas vou ter fé em quê

se o homi mandou me dizer

que ainda quer me matar

pensamento reggae

pedra de roque

mas pode ser também

blues ou rock 

 

Artur Gomes

25 outubro – 2021

www.brazilicapereira.blogspot.com

 

 

indGestão

 

o povo

levando vida de cão

20 milhões de pessoas

comendo restos de ossos

no olho furacão

 

tempo de des(governos)

municipais estaduais e federal

cidades em estado catastróficos

ruas es estrada

onde era asfalto

hoje crateras buracão

 

onde era terra areia

hoje lama pantanal

degradação total

 

isso aqui vai muito mal

mas para a

propaganda oficial

tudo beleza

tudo normal

em 2022 tem eleição

 

será que o povo

ainda vai ter coragem

de votar em candidatos

dessa  atual indGestão 

nonada

 

ela me inspira

me trans pira

me transborda

 

estico a corda

para alinhar o plumo

 

no rumo certo do poema

desconforta desconcerta

 

a seta no foco

se concreta

 

poema em linha torta

para entortar a linha reta

 

não sigo trilha ela me segue. não traço rumo ele me traça. sem régua compasso cavalo me invento. atravesso o vento norte sem nome trovoada sem pensar o endereço da chegada.

Jura Secreta 35

pontal.foto.grafia

 

Aqui,

redes em pânico pescam

esqueletos no mar

- esquadras - descobrimento

espinhas de peixe convento -

cabrálias esperas relento -

escamas secas no prato

e um cheiro podre no

AR

 

caranguejos explodem

mangues em pólvora

Ovo de Colombo quebrado

areia branca inferno livre

Rimbaud - África virgem

carne na cruz dos escombros

trapos balançam varais

 

telhados bóiam nas ondas

tijolos afundando náufragos

último suspiro da bomba

na boca incerta da barra

esgoto fétido do mundo

grafando lentes na marra

imagens daqui saqueadas

Jerusalém pagã visitada

- Atafona.Pontal.Grussaí –

 

as crianças são testemunhas:

Jesus Cristo não passou por aqui

 

Miles Davis fisgou na agulha

Oscar no foco de palha

cobra de vidro sangue na fagulha

carne de peixe maracangalha

que mar eu bebo na telha

que a minha língua não tralha?

 

penúltima dose de pólvora

palmeira subindo a maralha

punhal trincheira na trilha

cortando o pano a navalha

- fatal daqui Pernambuco

Atafona.Pontal. Grussaí -

 

as crianças são testemunhas :

Mallarmé passou por aqui.

 

bebo teu fato em fogo

punhal na ova do bar

palhoças ao sol fevereiro

aluga-se teu brejo no mar

o preço nem Deus nem sabre

sementes de bagre no porto

a porca no sujo quintal

plástico de lixo nos mangues

que mar eu bebo afinal?

 

poétika 69

 

estou virado no corisco

muito além do avesso do avesso

do que chamamos carnaval

sem temer o risco

de lamber tuas belas coxas

              e beber água de sal

     desconfiguração do corpo

 

os estilhaços do corpo

estão espalhados

nas cidades

:

pernas aqui

braços ali

cabeças acolá

na total desconfiguração

:

- cabeça/tronco/membros

as cidades estão entupidas

de fragmentos de populações

destroçadas em desespero

a crueldade é tanta

que dificilmente em qualquer cidade

se encontra um ser humano por inteiro

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux - 2020

www.secretasjuras.blogspot.com

onde o sal 

se mistura com saliva

 

no Arpoador meu caminho é sempre ida o amor sempre chega bem acompanhado o barulho do mar o movimento das ondas pernas sobre pranchas o corpo que desliza na brisa da tarde na algazarra das meninas quando é por do sol no alto da pedra e o sal na língua se mistura com saliva

 

Federika Lispector

www.suorecio.blogspot.com

 

tempo tempo

 

o tempo senhor da chuva do sol do vento me diga por onde ir sem imprevistos eu quero o trilho que me leve além da trilha onde o inimigo me detesta em cada tralha que eu rasgar que seja pano que não presta

 

Federico Baudelaire

www.porradalirica.blogspot.com

numa trilha de bike hoje pelo litoral percebi que o amor é transe corporal muito além do mar de sal que me lambe as coxas entre a mata e o manguezal de Rio das Ostras

 

Gigi Mocidade

www.suorecio.blogspot.com

Teatro Surrealista

 o corpo como expressão total ampla geral e irrestrita. tudo que atrita roça toca envolve o corpo provoca ação leva ao movimento através do turbilhão de desejos imagináveis e inconfessos. deixar que o corpo fale sussurre berre beije. o gesto e cada sílaba sonora do fonema com o imaginário na boca de cena guiando o corpo para a incorporação  do personagem que vier.

 

Artur Gomes

Teatro do Absurdo

FULINAIMAGEM

www.secretasjuras.blogspot.com

                                 Nação Goitacá

Fulinaíma Tupiniquim

www.radiogoitaca.com.br

 

 Artur Gomes

Da Nascente a Foz  :

Um Rio De Palavras

FULINAIMAGEM

www.fulinaimargem.blogspot.com