a noite virá em silêncio
com os olhos vazados
serenando sementes de
solidão e sol
nas mãos os signos e um cavalo-marinho
sem.pressa bordará a sombra eterna sobre os telhados
de todos os homens
de todos os homens
agora e sempre
Tonho França
Poética
na beleza libertina
da poesia
flor pode ser faca
pode ser um olhar de carolina
ou os olhos tristes de uma vaca
www.fulinaimagens.blogspot.com
O HEAUTONTIMOROUMENOS
Sem cólera te espancarei,
Como o açougueiro abate a rês,
Como Moisés à rocha fez!
De tuas pálpebras farei,
Para meu Saara inundar,
Correr as águas do tormento.
O meu desejo ébrio de alento
Sobre o teu pranto irá flutuar
Como um navio no mar alto,
E em meu saciado coração
Os teus soluços ressoarão
Como um tambor que toca o assalto!
Não sou acaso um falso acorde
Nessa divina sinfonia,
Graças à voraz Ironia
Que me sacode e que me morde?
Em minha voz ela é quem grita!
E anda em meu sangue envenenado!
Eu sou o espelho amaldiçoado
Onde a megera se olha aflita.
Eu sou a faca e o talho atroz!
Eu sou o rosto e a bofetada!
Eu sou a roda e a mão crispada,
Eu sou a vítima e o algoz!
Sou um vampiro a me esvair
- Um desses tais abandonados
Ao riso eterno condenados,
E que não podem mais sorrir.
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade
Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
Ferreira Gullar é escritor, poeta - Autor de diversos livros, entre eles A Luta
Corporal: Poemas, Muitas Vozes e o Homem como Invenção de si mesmo.
mal-me-quer bem-me-quer
no jogo da amarelinha
no pic bandeira pic esconde
quando eu era então criança
todo oculto desejo
era ver aquela moça vizinha
com tua boca dentro da minha
agora depois de adulto
tocar na moça é insulto
podemos ir direto pra cela
perder o tal dente cizo
se desobedecer o aviso:
é proibido tocar na donzela
já me diziam já me disseram
mas eu não sou flor que cheira
e muito menos vou cheirar com ela
o mal-me-quer o bem-me-quer
nas Flores do Mal se bem me disso
o tal Charles Bau delaire que ontem fez aniversário
www.fulinaimargens.blogspot.com
Palavra Para Estrangular Silêncio
4
Quando eu morrer
de meu, mesmo,
talvez restem as palavras
que usei como se minhas,
no branco-escuro da folha.
E, então, uma vez livres
da farsa que engendramos
(ex-cúmplices: delatora),
mostrarão a face veraz
de um não-ser que já outro.
5
O que se diz
está dito e feito.
Palavra é bala
encravada no peito.
Edelson Nagues
do livro: Palavras Para Estrangular
Silêncio
Editora Patuá - São Paulo – 2019
O TEMPO
Para seguir
em frente nunca
é cedo.
É exato o
trançado que
trocamos entre
os dedos.
Numa puta
vontade quase
medo.
Lau Siqueira
do livro: a memória é uma espécie de
cravo ferrando a estranheza das
coisas
Casa Verde - Porto Alegre-RS – 2017
da horta
gosto do amor que
quando não frenquenta mais
a cama, a mesa, a aorta
a gente não precisa
fechar a porta
e varrer o peito
limpando
mágoas, descasos, ausências
Esses que a gente pode deixar
a fresta sempre aberta
que tem sempre um sopro
de primavera
onde nascem espontaneamente
flores fortes e transparentes
Jura Secreta 16
para May Pasquetti
fosse esta menina Monalisa
ou se não fosse apenas brisa
diante da menina dos meus olhos
com esse mar azul nos olhos teus
não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari
te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus
e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Fulinaíma MultiProjetos
(22)99815-1268 – whatsapp
https://www.facebook.com/FulinaimaProducoes
EntreVistas
Nenhum comentário:
Postar um comentário