sexta-feira, 22 de outubro de 2021

poéticas fulinaímicas

 


                                           confissão

 

em nome do pai

do filho e do espírito santo

confesso entretanto

que o meu jejum de hoje

tem almôndegas de soja

com vinho tinto de Bento

 

Salton Cave de Pedra

eu sei que Fedra Margarida

gosta mais de carne mesmo

cachacinha com torresmo

 

mas tenho fé que ela

passe a língua no meu linho

se embriague com meu vinho

coma da minha carne

e se engravide do meu pão

 

poética

 

da musa tiro a blusa

de graça não vendo

pois não sou vendedor

escrever poesia

é como fazer amor

 

sarcasmo

 

o olho clínico não responde

fechou o livro na vigésima

sétima página

 

eu fico sem saber o que pensa

da minha crença no naturalismo

 

das coisas que ainda

não tem nome

se a fome é física

ou sobrenatural

 

tesão é química ou apenas

a parte mais intensa

de uma transa casual

 

como cavalo

cavalgo tua relva branca

como vassalo do teu corpo

florbela que ne espanca

 

lascívia

 

do porto de Santos

ecoa o grito no Ipiranga

 

:

 

irreverência ou morte!

 

o vampiro está de tanga

no mar negro palácio jaburu

 

com a baba escorrendo na boca

e o guindaste enfiado no cu

 

sossegado no meu canto

conheci essas  meninas

no carnaval de iriri

que fica logo ali

do outro lado do espírito santo

 

juro que foi assalto

uma quadrilha invadiu

o palácio do planalto

 

 Pastor de Andrade

www.brasilicapereira.blogspot.com 




poética 2

 

o que tem essa mulher que me delira

o que tem essa mulher que me deleita

o que tem essa mulher que me provoca

o que tem essa mulher que me estreita

o que tem essa mulher que me espreita

leoa na selva que me caça

ou uma grande mulher quando se toca

 

eu sou umbanda

 

veja bem meu bem o beijo que não me

deste era gelado e derreteu teu evangelho um sacrilégio  de um mitológico prometeu não gosto da palavra doce prefiro salamargo pra desintoxicar o fígado o sabor da minha língua é azeite sal pimenta se não agüenta sarta de banda eu sou umbanda vou pro terreiro de oxossi sacramentar o meu amor bater macumba na quimbanda e saravá xangô

 

 Federika Lispector

eu não sou santa

www.braziliricapereira.blogspot.com




eros

 

tua blusa de seda

entre meus dentes

o nó se desfez depois do vinho

sob as folhas dos parreirais

vale - os vinhedos

quantas vezes eros

eletrizou os nossos dedos?


                                                  sossegado no meu canto

conheci essas  meninas

no carnaval de iriri

que fica logo ali

do outro lado do espírito santo

 

 Federico Baudelaire

www.suorecio.blogspot.com

 



Um Cidadão Comum

 

Sempre subindo a ladeira do nada,

Topar em pedras que nada revelam.

Levar às costas o fardo do ser

E ter certeza que não vai ser pago.

 

Sentir prazeres, dores, sentir medo,

Nada entender, querer saber tudo.

Cantar com voz bonita prá cachorro,

Não ver “PERIGO” e afundar no caos.

 

Fumar, beber, amar, dormir sem sono,

Observar as horas impiedosas

Que passam carregando um bom pedaço

da vida, sem dar satisfações.

 

Amar o amargo e sonhar com doçuras

Saber que retornar não é possível

Sentir que um dia vai sentir saudades

Da ladeira, do fardo, das pedradas.

 

Por fim, de um só salto,

Transpor de vez o paredão.

 

Torquato Neto




 Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

www.fulinaimagens.blogspot.com  

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