confissão
em nome do pai
do filho e do espírito santo
confesso entretanto
que o meu jejum de hoje
tem almôndegas de soja
com vinho tinto de Bento
Salton Cave de Pedra
eu sei que Fedra Margarida
gosta mais de carne mesmo
cachacinha com torresmo
mas tenho fé que ela
passe a língua no meu linho
se embriague com meu vinho
coma da minha carne
e se engravide do meu pão
poética
da musa tiro a blusa
de graça não vendo
pois não sou vendedor
escrever poesia
é como fazer amor
sarcasmo
o olho clínico não responde
fechou o livro na vigésima
sétima página
eu fico sem saber o que pensa
da minha crença no naturalismo
das coisas que ainda
não tem nome
se a fome é física
ou sobrenatural
tesão é química ou apenas
a parte mais intensa
de uma transa casual
como cavalo
cavalgo tua relva branca
como vassalo do teu corpo
florbela que ne espanca
lascívia
do porto de Santos
ecoa o grito no Ipiranga
:
irreverência ou morte!
o vampiro está de tanga
no mar negro palácio jaburu
com a baba escorrendo na boca
e o guindaste enfiado no cu
sossegado no meu canto
conheci essas meninas
no carnaval de iriri
que fica logo ali
do outro lado do espírito santo
juro que foi assalto
uma quadrilha invadiu
o palácio do planalto
Pastor de Andrade
www.brasilicapereira.blogspot.com
poética 2
o que tem essa mulher que me delira
o que tem essa mulher que me deleita
o que tem essa mulher que me provoca
o que tem essa mulher que me estreita
o que tem essa mulher que me espreita
leoa na selva que me caça
ou uma grande mulher quando se toca
eu sou umbanda
veja bem meu bem o beijo que não me
deste era gelado e derreteu teu
evangelho um sacrilégio de um mitológico
prometeu não gosto da palavra doce prefiro salamargo pra desintoxicar o fígado
o sabor da minha língua é azeite sal pimenta se não agüenta sarta de banda eu
sou umbanda vou pro terreiro de oxossi sacramentar o meu amor bater macumba na
quimbanda e saravá xangô
Federika Lispector
eu não sou santa
www.braziliricapereira.blogspot.com
eros
tua blusa de seda
entre meus dentes
o nó se desfez depois do vinho
sob as folhas dos parreirais
vale - os vinhedos
quantas vezes eros
eletrizou os nossos dedos?
sossegado no meu canto
conheci essas meninas
no carnaval de iriri
que fica logo ali
do outro lado do espírito santo
Federico Baudelaire
Um Cidadão Comum
Sempre subindo a ladeira do nada,
Topar em pedras que nada revelam.
Levar às costas o fardo do ser
E ter certeza que não vai ser pago.
Sentir prazeres, dores, sentir medo,
Nada entender, querer saber tudo.
Cantar com voz bonita prá cachorro,
Não ver “PERIGO” e afundar no caos.
Fumar, beber, amar, dormir sem sono,
Observar as horas impiedosas
Que passam carregando um bom pedaço
da vida, sem dar satisfações.
Amar o amargo e sonhar com doçuras
Saber que retornar não é possível
Sentir que um dia vai sentir saudades
Da ladeira, do fardo, das pedradas.
Por fim, de um só salto,
Transpor de vez o paredão.
Torquato Neto
Artur Gomes
FULINAIMICAMENTE
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