VOLUNTAD –
En el medio al silencio que petrifica los versos
una espada invisible rasga la cortina de sombras
y revela el azar.
De las memorias adormecidas del paso en cenizas,
aún tibias, una chispa insiste en la proeza
de encender la carne.
Así, entre el punto de partida y el lugar deseo de llegar
há una especie de abismo que si une por un hilo estirado
donde la voluntad si equilibra.
Wilson Coêlho
Foto de Yolanda Onandía
Jornal GGN. Edição: Lourdes Nassif.
Com ela descobri as primeiras paixões pela leitura. Me contava histórias e lia cordel pra mim.
Posso dizer que aprendi e aprendo a ser homem com esta mulher. Minhas duas filhas e minha neta continuam me ensinando todos os dias porque esse aprendizado nunca acaba.
Lembrar pessoas amadas fortalece a ideia de que nunca estamos só.
AMAR é um verbo maiúsculo.
Lau Siqueira
Estes sons finos
destes violinos
do outono
enchem minh'alma
de uma onda calma
de sono.
E recordando,
pálido, quando
sôa a hora,
soluço os idos
dias vividos
de outrora.
E assim à-tôa
sou, no ar que voa,
que importa?
uma perdida
folha caída
e mora.
Paul Verlaine
Tradução: Eduardo Martins
Raptado da time line de Lau Siqueira no facebook
para Micaela Albertini
fosse eu uma mulher de nuvens
não estaria aqui presa
a este mar nas marés suor ou cio
passaria com o vento
sem deixar rastros vestígios
pegadas
voaria sobre estradas
sem destino cais ou porto
viajar mesmo sem nenhum conforto
ou calmaria nas partidas
ou ventania nas chegadas
Rúbia Querubim
www.personasarturianas.blogspot.com
ontem gargaú
hoje buena
vida plena
nas asas da poesia
algaravia em meu pedal
estrada que vai dar no mar
estou me guardando para o carnaval
Federico Baudelaire
www.coletivomacunaimadecultura.blogspot.com
Dê livros
Dê Lírios
Dê Beijos
Doações para Biblioteca Bracutaia – endereço: Ong Beija Flor – Casa da Solidariedade – Rua Ari Parreira, 26 – Barra Velha – Gargaú – São Francisco do Itabapoana-RJ – 28230-000
era uma vez um mangue
por onde andará Macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe algum
vestígio de Macunaíma
na veia do teu pescoço?
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora quem está por fora
não segura
um olhar que demora de dentro de meu centro
este poema me olha
Ali
ali
só
ali
se
se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse
se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce
ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece
clic no link para ver o vídeo
https://www.facebook.com/artur.fulinaima.5/videos/972786253599345
ISOLAMENTO
À janela
um céu resvalando azuis pelo poente
nuvens em pinceladas escassas
andorinhas ambulantes entre idas e vindas
Chegar, verbo inconjugável
haverá retorno para aquele que não vai?
Como voltará sem caminho marcado
terá andado muito, pouco, quase nada
ou resvalado os dedos na calçada cinza?
De que são costuradas as partidas, os destinos, as chegadas?
Por onde se guardam as mãos na espera por nada, por ninguém?
Quantos são os olhares vazios deixados por aí, a esmo
no breu comprido das melancolias amontoadas pelas esquinas?
Lá fora
tão longe
um céu azul a desligar o dia
nada sabe ele - o céu - dos homens dispersos pelas ruas, guardados em si na solidão das pessoas
- nem as andorinhas -
Hoje só teremos salvação depois de ultrapassadas as nossas margens de loucura
Em que instante dessa tempestade
tornamo-nos tão estrábicos de alma?
(Nic Cardeal, 11.03.2021 - Texto escrito há um ano, mas para mim atual, pois continuo seguindo as orientações sensatas dos cuidados necessários para evitar o contágio à covid...
#poemasdesobrevivênciaàquarentena
Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei...
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos.
Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube
e digo da palavra: não digo (não posso ainda acreditar na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto.
Aventura na Casa Atarracada
Movido contraditoriamente
por desejo e ironia
não disse mas soltou,
numa noite fria,
aparentemente desalmado;
- Te pego lá na esquina,
na palpitação da jugular,
com soro de verdade e meia,
bem na veia, e cimento armado
para o primeiro a andar.
Ao que ela teria contestado, não,
desconversado, na beira do andaime
ainda a descoberto: - Eu também,
preciso de alguém que só me ame.
Pura preguiça, não se movia nem um passo.
Bem se sabe que ali ela não presta.
E ficaram assim, por mais de hora,
a tomar chá, quase na borda,
olhos nos olhos, e quase testa a testa.
Nada, Esta Espuma
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
Quando entre nós só havia
uma carta certa
a correspondência
completa
o trem os trilhos
a janela aberta
uma certa paisagem
sem pedras ou
sobressaltos
meu salto alto
em equilíbrio
o copo d’água
a espera do café
Ana Cristina César
'[...] Nunca me atraiu como homem, mas sempre mexeu comigo. Como poeta, era de tirar o fôlego. Tinha vontade de pegá-lo no colo, como uma mãe, mas ele não gostava nada dessa história. Eram outras as suas intenções [risos]. Uma vez, na fila do banco, eu disse para ele que adorava a amizade amorosa que havíamos construído. Ele ficou furioso: “Amizade amorosa coisa nenhuma, isso é amor!”. Fiquei muda, passada. Drummond era discretíssimo, tímido, mas naquele momento se tornou um alucinado, gritava em plena fila de banco. (...) Ele me chamava de Olenka, diminutivo de Olga, em russo, e fez um lindo poema para mim, que nunca foi publicado.
''Miragem
Chegou, impressentida e silenciosa,
Com uma saudade eslava nos cabelos
E um ritmo de crepúsculo ou de rosa.
Os olhos eram suaves e eis que ao vê-los,
Outra paisagem, fluída, na distância,
Sugeria doçuras e desvelos.
No coração, agora já sem ânsia,
paira a serenidade comovida
que lembra os puros cânticos da infância.
Logo depois se foi, mas refletida
nesse espelho interior, onde as imagens
se libertam do tempo, além da vida,
Olenka permanece, entre miragens.''
(1955)
Por Mariana Basílio
PÁTRIA(R)MADA
só me queira assim caçado
mestiço vadio latino,
leão feroz cão danado
perturbando o seu destino
se só me queira encapetado
profanando àqueles hinos
malandro, moleque, safado
depravando os seus meninos.
só me queira enfeitiçado
veloz, macio, felino
em pelo, nu, depravado
em sua cama sol a pinos.
e só me queira desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino.
CARNE PROIBIDA
o preço atual proíbe que me coma
mas pra ti estou de graça
pra ti não tenho preço
sou eu quem me ofereço
músculo e osso leva-me à boca
se completa o teu almoço.
LENÇÓIS DE RENDA
Eu poderia abrir teu corpo
com os meus dentes
rasgar panos e sedas
com as unhas
arreganhar as tuas fendas
desatar todos os nós
da tua cama arrancar os cobertores
rasgando as rendas dos lençóis
perpetuar a ferro e fogo
minhas marcas no teu útero
meus desejos imorais
maldizendo a hora soberana
com a força sobre humana dos mortais
quando vens me oferecer migalha e fruto
como quem dá de comer aos animais
Artur Gomes
poemas dos livros
Couro Cru & Carne Viva – 1987
Pátria A(r )mada – 2019
www.arturgumesfulinaima.blogspot.com
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