Germina: março, 2022: recomeçamos.
Literatura, Arte & Poesia: Afonso
Guerra-Baião + Alaíne Navarro + Anderson Borges Costa + Anelito de Oliveira +
Arturo Jiménez Martínez + Benedito Costa + Bruno Brum + Carlos Edu Bernardes +
Chico Lopes + Daniel Ricardo Barbosa + Deborah Dornellas + Diniz Gonçalves
Júnior + Edelvânio Pinheiro + Flá Perez + Guido Viaro + Guttemberg Guarabyra +
Hugo Pontes + Ivan Hegen + Julio Mendonça + Justino Justino Justino + Leonardo
de Magalhaens + Lucelena Ferreira + Luiz Cláudio Siqueira + Luiz Otávio Oliani
+ Marcelo Sandmann + Márcio Almeida + Margareth Laroca + Mariza Lourenço +
Martha Galrão + Ozias Filho + Pedro Vale + Rosângela Vieira Rocha + Tábata
Morelo + Telma Scherer + Viriato Gaspar + Virna Teixeira
https://www.germinaliteratura.com.br/revista.htm
Marielle
Franco
o
povo a ressuscitará
e
ela virá cuspir na cara
do
vizinho do assassino
que
mandou matá-la
Rúbia
Querubim
www.personasarturianas.blogspot.com
Enquanto não chega a nova série do inverso a toda prosa, sigamos com a antiga – Antônio Cunha interpreta - Quem Matou Quem de Ademir Demarchi
Clic
no link para ver o vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=xTYMgcgViU8
Foi na última
hora da tarde
que meu pai
me entregou
a uma mulher
de nome Rute.
Andamos juntos
por uma estrada
estreita onde
pedras minúsculas
foram colocadas
sobre a areia
e em meu pai
havia alegria
pois cantava e
dava saltos longos
ou pequenas corridas
e gritava com sua
voz entonada para
que eu dobrasse a marcha
e não o perdesse de vista.
Chegamos à casa
que mais me parecia
um palácio, debaixo
de uma chuva fina.
Os sapos coaxavam
e tudo ali me
era muito estranho.
As cortinas
as portas
as poltronas
os rostos das mulheres.
Em tudo havia
uma cor diferente.
O vermelho
o laranja
o amarelo.
Eu tinha
quinze anos
e fui levado
manso como a vaca
ou como o cordeiro
pelas mãos de uma
mulher de nome Rute
rumo ao inferno.
Celso De Alencar
LIVRO OBSCENO(PARTE DO LIVRO
TESTAMENTOS, QUAISQUER, 2003)
vinte e um: poemas de Celso Borges
São Paulo: A.C.B. Araujo, 2000
benção
em nome do pai
do filho
e do espírito
canto
pária
somos poucos
cada vez menos
somos loucos
cada vez mais
somos além
dessa matéria óbvia
que nos faz dizer
não tem prato embaixo
não tem mesa
não tem chão
invento a fruta amassada
em
pleno
vôo
declaração inteira
uma de carne
onde me exponho aos instintos.
a segunda entrego ao zelador
par que o espanador a inflame.
a terceira
quarta
quinta
sexta
sétima
oitava
para seu domínio completo
para sustentar o que de solidão exala
o que sobra dessa solidão
haroldiana
de fato uma fada faz parte de uma história mal contada
de um conto do vigário fadado a ter seu fim otário
de fato uma fada é uma falácia
uma flor a mais do lácio despetalada
um sino no exílio um idílio
por quem os signos dobram em delírio
de fato tudo é tudo
quase nada
noves fora fada
mishina urgente
sol
— o caroço da vida —
nem arte nem desarte:
desastre.
um corte pra morte
primeira garantia:
verexistir paralém da palavra.
punk
a pomba da paz não quer mais migalhas
todos os atos são a partir de agora
instrumentos de força e vício
there is no future
declaro findo os elementos de cortesia
nenhuma concessão de praça ou perdão
na palma da mão napalm
eis a urgência da
estética de guerra
now
o sucesso do amanhã é um comércio
que desconheço como poeta
não me cabe exercitar a beleza do
futuro
ou colorir utopias quase sempre
alheias.
eis o preço que pago por trazer
comigo
o presente em estado de emergência.
a posição da poesia é oposição
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