sexta-feira, 18 de março de 2022

Coletânea Poetas Vivos



Germina: março, 2022: recomeçamos.

Literatura, Arte & Poesia: Afonso Guerra-Baião + Alaíne Navarro + Anderson Borges Costa + Anelito de Oliveira + Arturo Jiménez Martínez + Benedito Costa + Bruno Brum + Carlos Edu Bernardes + Chico Lopes + Daniel Ricardo Barbosa + Deborah Dornellas + Diniz Gonçalves Júnior + Edelvânio Pinheiro + Flá Perez + Guido Viaro + Guttemberg Guarabyra + Hugo Pontes + Ivan Hegen + Julio Mendonça + Justino Justino Justino + Leonardo de Magalhaens + Lucelena Ferreira + Luiz Cláudio Siqueira + Luiz Otávio Oliani + Marcelo Sandmann + Márcio Almeida + Margareth Laroca + Mariza Lourenço + Martha Galrão + Ozias Filho + Pedro Vale + Rosângela Vieira Rocha + Tábata Morelo + Telma Scherer + Viriato Gaspar + Virna Teixeira

https://www.germinaliteratura.com.br/revista.htm

 




 

Marielle Franco

 

o povo a ressuscitará

e ela virá cuspir na cara

do vizinho do assassino

que mandou matá-la

 

Rúbia Querubim

www.personasarturianas.blogspot.com



Enquanto não chega a nova série do inverso a toda prosa, sigamos com a antiga – Antônio Cunha interpreta -  Quem Matou Quem de Ademir Demarchi

 

Clic no link para ver o vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=xTYMgcgViU8





 Foi na última

hora da tarde

que meu pai

me entregou

a uma mulher

de nome Rute.

Andamos juntos

por uma estrada

estreita onde

pedras minúsculas

foram colocadas

sobre a areia

e em meu pai

havia alegria

pois cantava e

dava saltos longos

ou pequenas corridas

e gritava com sua

voz entonada para

que eu dobrasse a marcha

e não o perdesse de vista.

Chegamos à casa

que mais me parecia

um palácio, debaixo

de uma chuva fina.

Os sapos coaxavam

e tudo ali me

era muito estranho.

As cortinas

as portas

as poltronas

os rostos das mulheres.

Em tudo havia

uma cor diferente.

O vermelho

o laranja

o amarelo.

Eu tinha

quinze anos

e fui levado

manso como a vaca

ou como o cordeiro

pelas mãos de uma

mulher de nome Rute

rumo ao inferno.

 

Celso De Alencar

LIVRO OBSCENO(PARTE DO LIVRO TESTAMENTOS, QUAISQUER, 2003)




vinte e um: poemas de Celso Borges


São Paulo: A.C.B. Araujo, 2000



benção


tua benção, poesia

em nome do pai

do filho

e do espírito

canto

pária



somos poucos

cada vez menos

somos loucos

cada vez mais

somos além

dessa matéria óbvia

que nos faz dizer


— tá tudo bem.




natureza viva


a fruta cai do galho

não tem prato embaixo

não tem mesa

não tem chão

invento a fruta amassada

em

pleno

vôo


declaração inteira


tenho dez almas:

uma de carne

onde me exponho aos instintos.

a segunda entrego ao zelador

par que o espanador a inflame.

a terceira

quarta

quinta

sexta

sétima

oitava


entrego-as à mulher amada

para seu domínio completo


a nona carrego comigo

para sustentar o que de solidão exala


a décima

o que sobra dessa solidão



haroldiana


 de fato uma fada faz parte de uma história mal contada

de um conto do vigário fadado a ter seu fim otário

de fato uma fada é uma falácia

uma flor a mais do lácio despetalada

um sino no exílio um idílio

por quem os signos dobram em delírio

de fato tudo é tudo

quase nada

noves fora fada


mishina urgente



sol

— o caroço da vida —

nem arte nem desarte:

desastre.


só assim nasço: aço

um corte pra morte

primeira garantia:

verexistir paralém da palavra.


punk



a pomba da paz não quer mais migalhas

   todos os atos são a partir de agora

     instrumentos de força e vício



         there is no future

            

declaro findo os elementos de cortesia

                 nenhuma concessão de praça ou                                                        perdão

        na palma da mão napalm

              eis a urgência da estética de guerra


now


o sucesso do amanhã é um comércio

que desconheço como poeta

não me cabe exercitar a beleza do futuro

ou colorir utopias quase sempre alheias.

eis o preço que pago por trazer comigo

o presente em estado de emergência.



a posição da poesia é oposição





O Poeta Enquanto Coisa

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