o voo das gaivotas
[irrequietas pela presença da criação
maligna de Goethe]
mefistofélico – arengar argúcia
do teu sonho invadido,
rebuscar infindo cíclico
entre reminiscências
sorumbáticas no transcurso
dos dias inimagináveis.
teu animal ancestral
grita teu nome,
teu marasmo impregna
na tarde que se sucede.
far-se-á auroras em meio
às marafonas que recusam
à tua falsa bondade.
o velho farol espera a noite
para indicar sua luz ao mistério.
Dudu Galisa
Sinopse: Complexa arquitetura e dinâmica de tubos,
canais, câmaras para um livro de escutas, coletas, agitações, misturas,
conexões, as quais surpreendem as paralelas “mesmo | outro”, “interior |
exterior”, “casa | rua”, “solidão | multidão”, “centro | margem”, “norma |
desvio”, “saúde | doença”, “direito(a) | esquerdo(a)”, “prosa | verso”, “fato |
ficção”, na transversal de cada página par e ímpar a disseminar versões –
poéticas, políticas, éticas – de ser humano e literatura: laboratórios de
linguagem, encantarias, macumbas, para o “e(n)xame” das textualidades líricas,
narrativas, dramáticas, performativas. Para além do sentido imediato de “tubo
de ensaio”, o substantivo “tubo” testa infinitas variantes. Mas também
“ensaio”, entre ciências, artes (literárias, cênicas) e religiosidades, se
engendra fora-dentro do gênero “poesia”, bem como do binarismo dos gêneros
“masculino | feminino”, coincidindo com a pesquisa e o experimento de tudo o
que venha a viralizar como poema.
Uma publicação da Editora Penalux.
R$50.00 - Diretamente com o autor, com frete
grátis e dedicatória.
PIX: livronovodoigor@gmail.com
Meu pai colecionava silêncios
- um olhar perdido nas distâncias -
minha mãe gostava tanto de rir!
[gargalhadas lindas as da minha mãe]
eu coleciono silêncios e sorrisos
ou risos
às vezes gargalhadas
[mais raras]
De silêncios
minha coleção é farta
de alegrias
minha coleção é tão pequena
nestes tempos
a guerra é obstáculo imenso
a fome
o racismo
a violência
tudo o que dói
me dói
os homens me doem
aqueles que nada enxergam além do
próprio umbigo
os que só sabem acumular dinheiros
à custa das misérias alheias
os que devastam florestas
em nome do agronegócio
os homens poderosos,
machistas, misóginos, homofóbicos
aqueles que veem mulheres
presas fáceis
- meros objetos do seu desejo -
hei de resistir
a colecionar sorrisos
risos
quiçá gargalhadas
assim
ao olhar a fotografia
esqueço
por alguns segundos
das dores do mundo
(meu álbum é meu refúgio)
Nic Cardeal
05.03.2022
Editora Casa Verde.
na foto: Luis Turiba
meus caninos
já foram místicos
simbolistas
sócio políticos
sensuais eróticos
mordendo alguma história
agora estão famintos
cravados na memória
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca:
Deus Não Joga Dados
Porque é terça carnaval- e eu aqui
nessa batalha sem confete lança perfume ou serpentina sem ao menos ver os olhos
da menina que passa na outra esquina com o teu jeito feminina de viver (Federico Baudelaire)
Leia mais no blog www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com
Os hinos nacionais
Aqueles que enaltecem
As nações do mundo
Não deveriam ou não devem
Ser criados
Por senhorzinhos de cartola
Casaca Luís XV
Calças de linho indiano
Botinas de cano longo brilhosas.
Os hinos nacionais
Deveriam ou devem
Ser criados por
Gente que sabe do mundo
Que sabe da miséria do mundo.
Por homens ou mulheres
Que se alimentaram ou se alimentam
De heroína das montanhas do
Afeganistão
Ou do Monte Erg da Birmânia
Ou mesmo pelas mulheres
Que tiveram seus
filhos mortos pela fome.
Nenhum homem de cartola
Ou casaca Luís XV
Poderia ou pode
Criar hino nacional.
Celso de Alencar
Poema para o livro O Homem Que
Cantava Para Cachorros (2022)
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