segunda-feira, 7 de março de 2022

Coletânea Poetas Vivos

 


o voo das gaivotas

[irrequietas pela presença da criação maligna de Goethe]

 

mefistofélico – arengar argúcia

do teu sonho invadido,

rebuscar infindo cíclico

entre reminiscências

sorumbáticas no transcurso

dos dias inimagináveis.

teu animal ancestral

grita teu nome,

teu marasmo impregna

na tarde que se sucede.

far-se-á auroras em meio

às marafonas que recusam

à tua falsa bondade.

o velho farol espera a noite

para indicar sua luz ao mistério.

 

                              Dudu Galisa




 ATÉ O FIM E, SE POSSÍVEL, APÓS O FIM, A POESIA.


Sinopse: Complexa arquitetura e dinâmica de tubos, canais, câmaras para um livro de escutas, coletas, agitações, misturas, conexões, as quais surpreendem as paralelas “mesmo | outro”, “interior | exterior”, “casa | rua”, “solidão | multidão”, “centro | margem”, “norma | desvio”, “saúde | doença”, “direito(a) | esquerdo(a)”, “prosa | verso”, “fato | ficção”, na transversal de cada página par e ímpar a disseminar versões – poéticas, políticas, éticas – de ser humano e literatura: laboratórios de linguagem, encantarias, macumbas, para o “e(n)xame” das textualidades líricas, narrativas, dramáticas, performativas. Para além do sentido imediato de “tubo de ensaio”, o substantivo “tubo” testa infinitas variantes. Mas também “ensaio”, entre ciências, artes (literárias, cênicas) e religiosidades, se engendra fora-dentro do gênero “poesia”, bem como do binarismo dos gêneros “masculino | feminino”, coincidindo com a pesquisa e o experimento de tudo o que venha a viralizar como poema.

Uma publicação da Editora Penalux.

R$50.00 - Diretamente com o autor, com frete grátis e dedicatória.

PIX: livronovodoigor@gmail.com




 REFÚGIO

 

Meu pai colecionava silêncios

- um olhar perdido nas distâncias -

minha mãe gostava tanto de rir!

[gargalhadas lindas as da minha mãe]

eu coleciono silêncios e sorrisos

ou risos

às vezes gargalhadas

[mais raras]

De silêncios

minha coleção é farta

de alegrias

minha coleção é tão pequena

nestes tempos

a guerra é obstáculo imenso

a fome

o racismo

a violência

tudo o que dói

me dói

os homens me doem

aqueles que nada enxergam além do próprio umbigo

os que só sabem acumular dinheiros

à custa das misérias alheias

os que devastam florestas

em nome do agronegócio

os homens poderosos,

machistas, misóginos, homofóbicos

aqueles que veem mulheres

presas fáceis

- meros objetos do seu desejo -

hei de resistir

a colecionar sorrisos

risos

quiçá gargalhadas

assim

ao olhar a fotografia

esqueço

por alguns segundos

das dores do mundo

(meu álbum é meu refúgio)

 

Nic Cardeal

05.03.2022


Em Livro Arbítrio, 2015 - 

Editora Casa Verde.




 No pão de açúcar de cada dia

Dai-nos senhor
A poesia
De cada dia

Oswald de Andrade


                                                               na foto: Luis Turiba




 poema 10

 

meus caninos

já foram místicos

simbolistas

sócio políticos

sensuais eróticos

mordendo alguma história

agora estão famintos

cravados na memória

 

Artur Gomes

O Homem Com A Flor Na Boca:

Deus Não Joga Dados

 

Porque é terça carnaval- e eu aqui nessa batalha sem confete lança perfume ou serpentina sem ao menos ver os olhos da menina que passa na outra esquina com o teu jeito feminina de viver (Federico Baudelaire)

 

Leia mais no blog www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com





 HINOS

 

Os hinos nacionais

Aqueles que enaltecem

As nações do mundo

Não deveriam ou não devem

Ser criados

Por senhorzinhos de cartola

Casaca Luís XV

Calças de linho indiano

Botinas de cano longo brilhosas.

Os hinos nacionais

Deveriam ou devem

Ser criados por

Gente que sabe do mundo

Que sabe da miséria do mundo.

Por homens ou mulheres

Que se alimentaram ou se alimentam

De heroína das montanhas do Afeganistão

Ou do Monte Erg da Birmânia

Ou mesmo pelas mulheres

Que tiveram seus

filhos mortos pela fome.

Nenhum homem de cartola

Ou casaca Luís XV

Poderia ou pode

Criar hino nacional.

 

Celso de Alencar

Poema para o livro O Homem Que Cantava Para Cachorros (2022)




Pátria A(r)mada

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com

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