VERDADE
palavra de medida
exata
fio de lâmina
que perpassa
ao rés-do-chão
cortando tornozelos
(paus de rasos fundamentos,
sem raízes)
palavra que a frio
espreita
na curva da escada
o passo em falso
o solilóquio
a contrição
o disse-que-não-disse
a lide
é ver que arde
bem cedo
ou mais tarde
invade - aluvião
o quão esta palavra
é o cão!
(AUTOFAGIA)
As ruas da minha cidade
Perseguem estranho destino
Rastejam sobre si mesmas
Esfolando os próprios leitos
Vão quando estão voltando
Vêm quando estão partindo
Feito cobras pelos rabos se
engolindo
morro alto
dolorosa estação
calvário inatingível
de pedras pontiagudas
raízes extirpadas
no caminho
arrastar a dor
morro acima
por meio de cordas
de aço inexorável
pululando em cada
passo os sulcos
futuras e irremediáveis
cicatrizes
um desequilíbrio e
dor
dor
dor
morro abaixo
dor de recobrar
os sentidos em pedaços
e recomeçar ...
...morro alto
dolorosa estação
calvário inatingível...
viver dói muito, mas,
perdoai-nos pai
um furtivo gozo
que a vista cá de cima
é mesmo uma beleza!
Antônio Cunha
Iniciou a sua incursão pela ópera
realizando a concepção e direção cênica de “O Diretor de Teatro” (Der
Schauspieldirektor) de Mozart (2004) pela Companhia da Ilha (Florianópolis),
continuando com Cavalleria Rusticana, de Mascagni (2004); A Flauta Mágica, de
Mozart (2005); Rigoletto, de Verdi (2006); La Traviata, de Verdi (2007 e 2008);
O Elixir do Amor, de Donizetti (2008) e O Barbeiro de Sevilha de Rossini
(2009), todas pela Pró-Música de Florianópolis.
Em 2010, dirigiu com a mesma equipe a
remontagem da ópera La Traviata em Florianópolis, já pela Cia. Ópera de Santa
Catarina, e, em 2012, a remontagem de O Barbeiro de Sevilha apresentada na
cidade de Chapecó. Em 2013, dirige a montagem da ópera Carmen, de Bizet.
É membro da Academia Catarinense
de Letras e Artes - ACLA.
O Poeta Enquanto Coisa
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