DO APRENDIZADO DO AR
imaginemos o ar solto na atmosfera
o ar inexistente à luz dos olhos
imaginemos o ar sem senti-lo
sem o sufocante cheiro de abelhas e
zinabre
o ar sem cortes e fronteiras
o ar sem o céu
o ar de esquecimentos
imaginemos fotografá-lo
fantasma sem textura
moldura inerte
quadro de sugestões e aparências
imaginemos o ar
paisagem branca sem o poema
vácuo impregnado de Deus
o ar que só os cegos vêem
o ar silêncio de Bach
imaginemos o amor
assim como o ar
Esfinge
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge:
Clarice/Beatriz:
assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nossos profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo
é que na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente
Artur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Gravado por Dani Rauen
CD Qualquer Lá – 2011
clic no link para ouvir
https://www.youtube.com/watch?v=NyTPLxy4QAo
para Luis Turiba e Marisa Vieira
a nova língua
língua nova
língua nua
língua crua
língua ova
escorre por céus de boca
saliva nativa
e ninguém com(prova)
minha pele roça tua pele
flor de manga - me sangra
folhas mortas pelo chão
pedra que ronca
mal secreto
meu poema linha curva
nunca reto
me desculpe fernando pessoa
sou argamassa do concreto
me segura criatura
que vou ter um troço
quando li wally salomão
juro que também posso
Artur Fulinaíma
PoÉticas ArturiAnas
www.fulinaimagens.blogspot.com
Dionísio
bêbado de noites
pelos
Cassinos de Bento
transa
nos pergaminhos
depois
de um tapa no branco
com
uma puta dama nos becos
e
algumas garrafas de vinho
aqui
em casa
lavo pinto bordo
o corpo
a alma
os pelos
cada um que
pinte seus delírios
cada um que
desenrole
seus novelos
EuGênio Mallarmè
o antropofágico fulinaímico
www.arturkabrunco.blogspot.com
o desconcerto na frase
está no corte
no verso
formiga carregando folhas
nas costas
o formigueiro instaura
uma colmeia de dados
que o tempo
ainda não decifrou
pássaros elétricos
vivem a vida
por um fio
Federika Lispector
Jornalista na Igreja Universal do Reino
de Zeus
www.personasarturianas.blogspot.com
Irreverência Ou Morte!
Gigi Mocidade
Rainha da Bateria da
Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta No
InConsciente Coletivo
no
universo paralelo
tenho
mestrado bíblico
em
chá de cogumelo
Pastor
de Andrade
patrono
da Igreja Universal do Reino de Zeus
www.fulinaimargem.blogspot.com
fiz um trato com o sarcasmo
o
bom humor a ironia
única
forma que encontrei
para
fazer a travessia
poema
insPirado
no Trato, poema de Ademir Assunção
do seu livro Risca Faca que acabo de ler
na coletânea poetas vivos –
Para
Pagu
in
memória
vontade
de voltar
a
correr por pradarias
num
cavalo selvagem
sem
celas rédeas arreios
ou
cancela
indo ao encontro
dos vagabundos
livre leve solta
nua como vim ao mundo
canção de um realejo solitário
para Artur Fulinaíma
“ainda tenho o teu perfume
pela casa
ainda tem você na sala
porque meu o coração dispara
quando sinto teu cheiro
dentro de um livro
dentro da noite veloz”
meu coração dispara
quando abro a porta
e não te vejo
na vertigem do dia
canção de um realejo solitário
quando não te beijo
eu imenso mar sozinha
como um peixe afogado em águas
de delírio e sal
Obs.: versos entre aspas Adriana Calcanhoto que me acompanhou ontem a noite inteira em minha solidão
Rúbia Querubim
www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com
Travessia Campestre
para
RúbiaQuerubim
e
Sérgio Sampaio in memória
a
travessia você faz
como
quiser
ou
como pode
no
lombo do cavalo
ou
na garupa do bode
Federika Bezerra
SagaraNAgens
Fulinaímcas
www.porradalirica.blogspot.com
antigamente escrevia com lápis depois caneta logo depois máquina de datilografia aí veio o ginásio indústria e comecei a escrever na linotipo na oficina de tipografia meus primeiros poemas foram publicados tipograficamente impressos na própria oficina onde aprendi a ser linotipista coisa que essa nova geração já perdeu de vista
Artur
Gomes Fulinaíma
EntreVistas
A CarNAvalha em
são luis do paraitinga
certa vez foi ao
carnaval
de são luis do
paraitinga
queria conhecer o
povo caiçara
ver os folguedos de
artifícios
no jogo do baralho
do batman com o
coringa
mas o dilúvio nos
aterrou na estrada
só chegamos em
profunda madrugada
nem ás de copas
muito menos ás espadas
em nossa bagagem só
cerveja
era o que restava
no culler da Federika
Bezerra mais rica do bordel
da boemia
muito mais até que a
Diva
a maior puta do país
o curral das éguas da
planície
montanhosa em são luis
na madrugada iluminada
e como se diz lá nas
quebradas
agora não se fala mais
agora não se fala nada
Federico
Baudelaire
Subversão PoÉtica
A Traição das Metáforas
www.braziliricapereira.blogspot.com
Preparativos
Daqui
alguns dias haverá o carnaval
Preparei
minha máscara
senti
o corpo
o
gosto dos gozos que só me chegam por ele!
Os
gozos que só moram na alma
quando
atravessam os canais da carne
a
tessitura do espírito
na
fibra de cada pedaço bruto de matéria.
Que
bom, aproxima-se o carnaval!
Carne
Aglomerado
de espaço no tempo breve.
Quarta-feira qualquer
Quando
terminar o carnaval
Eu
que não sou cristã
Seguirei
em meu caminho
Aceitando
cada manhã, sem culpa
porque
não sou cristã
portanto,
tenho pouco de que me arrepender
acabo
escolhendo o que faço!
Seguirei
sem carnificina
Eu
que não sou cristã
e
não creio na imitação do sacrifício
nem
mesmo no sacrifício de bichos
quem
dirá de pessoas?!
A
quarta de cinzas é dia de soprar e colorir
A
sexta da paixão é dia de se apaixonar
Sem
novidades quanto ao não matar ou comer animais,
pra
mim, que não sou cristã.
Carolina
Rieger
Pátria A(r)mada
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