quinta-feira, 17 de março de 2022

Coletânea Poetas Vivos

 


                   DO APRENDIZADO DO AR

 

imaginemos o ar solto na atmosfera

o ar inexistente à luz dos olhos

imaginemos o ar sem senti-lo

sem o sufocante cheiro de abelhas e zinabre

o ar sem cortes e fronteiras

o ar sem o céu

o ar de esquecimentos

imaginemos fotografá-lo

fantasma sem textura

moldura inerte

quadro de sugestões e aparências

imaginemos o ar

paisagem branca sem o poema

vácuo impregnado de Deus

o ar que só os cegos vêem

o ar silêncio de Bach

imaginemos o amor

assim como o ar

 

Tanussi Cardoso




 Esfinge

 

o amor 
não é apenas um nome 
que anda por sobre a pele 
um dia falo letra por letra 
no outro calo fome por fome 
é que a pele do teu nome 
consome a flor da minha pele 

cravado espinho na chaga 
como marca cicatriz 
eu sou ator ela esfinge: 
Clarice/Beatriz: 

assim vivemos cantando 
fingindo que somos decentes 
para esconder o sagrado 
em nossos profanos segredos 
se um dia falta coragem 
a noite sobra do medo 

é que na sombra da tatuagem 
sinal enfim permanente 
ficou pregando uma peça 
em nosso passado presente 

o nome tem seus mistérios que se escondem sob panos 

o sol é claro quando não chove 
o sal é bom quando de leve 
para adoçar desenganos 
na língua na boca na neve 

o mar que vai e vem não tem volta 
o amor é a coisa mais torta 
que mora lá dentro de mim 
teu céu da boca é a porta 
onde o poema não tem fim 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux 2018

www.secretasjuras.blogspot.com

 Musicado por Rodrigo Bittencourt

Gravado por Dani Rauen

CD Qualquer Lá – 2011

clic no link para ouvir

https://www.youtube.com/watch?v=NyTPLxy4QAo




 língua nova

para Luis Turiba e Marisa Vieira

 

a nova língua

   língua nova

língua nua

língua crua

língua ova

 

escorre por céus de boca

saliva nativa

e ninguém com(prova)

 

minha pele roça tua pele

flor de manga -  me sangra

folhas mortas pelo chão

 

pedra que ronca

         mal secreto

 

meu poema linha curva

nunca reto

me desculpe fernando pessoa

sou argamassa do concreto

 

me segura criatura

que vou ter um troço

 

quando li wally salomão

juro que também posso

 

Artur Fulinaíma

PoÉticas ArturiAnas

www.fulinaimagens.blogspot.com







 BordeLíricas

 

Dionísio bêbado de noites

pelos Cassinos de Bento

transa nos pergaminhos

depois de um tapa no branco

com uma puta dama nos becos

e algumas garrafas de vinho 



aqui

em casa

lavo pinto bordo

o corpo

a alma

os pelos

cada um que

pinte seus delírios

cada um que

desenrole

seus novelos

 

 EuGênio Mallarmè

o antropofágico fulinaímico 

www.arturkabrunco.blogspot.com





 o desconcerto na frase

está no corte

no verso

formiga carregando folhas

nas costas

o formigueiro instaura

uma colmeia de dados

que o tempo

ainda não decifrou 

 

 

pássaros elétricos

           vivem a vida

           por um fio

 

Federika Lispector

Jornalista na Igreja Universal do Reino de Zeus

www.personasarturianas.blogspot.com




 Irreverência Ou Morte!

 

Gigi Mocidade

Rainha da Bateria da Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta No InConsciente Coletivo




 

no universo paralelo

tenho mestrado bíblico

em chá de cogumelo

 

Pastor de Andrade

patrono da Igreja Universal do Reino de Zeus

www.fulinaimargem.blogspot.com




fiz um trato com o sarcasmo

o bom humor a ironia

única forma que encontrei

para fazer a travessia 

 

poema insPirado

no Trato, poema de Ademir Assunção

do seu livro Risca Faca que acabo de ler

na coletânea poetas vivos –

 

Para Pagu

in memória

 

vontade de voltar

a correr por pradarias

num cavalo selvagem

sem celas rédeas arreios

ou cancela

indo ao encontro

dos vagabundos

livre leve solta

nua como vim ao mundo


 canção de um realejo solitário

para Artur Fulinaíma

 

“ainda tenho o teu perfume

pela casa

ainda tem você na sala

porque meu o coração dispara

quando sinto teu cheiro

dentro de um  livro

dentro da noite veloz”

 

meu coração dispara

quando abro a porta

e não te vejo

na vertigem do dia

canção de um realejo solitário

quando não te beijo

eu imenso mar sozinha

como um peixe afogado em águas

de delírio e sal


Obs.: versos entre aspas Adriana Calcanhoto que me acompanhou ontem a noite inteira em minha solidão


 Rúbia Querubim

www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com





 Travessia Campestre

para RúbiaQuerubim

e Sérgio Sampaio in memória

 

a travessia você faz

como quiser

ou como pode

 

no lombo do cavalo

ou na garupa do bode

 

Federika Bezerra

SagaraNAgens Fulinaímcas

www.porradalirica.blogspot.com




 antigamente escrevia com lápis depois caneta logo depois máquina de datilografia aí veio o ginásio indústria e comecei a escrever na linotipo na oficina de tipografia meus primeiros poemas foram publicados tipograficamente impressos na própria oficina onde aprendi a ser linotipista coisa que essa nova geração já perdeu de vista

 

Artur Gomes Fulinaíma

EntreVistas

www.arturgumes.blogspot.com



A CarNAvalha em

são luis do paraitinga

 

certa vez foi ao carnaval

de são luis do paraitinga

queria conhecer o povo caiçara

ver os folguedos de artifícios

no jogo do baralho

do batman com o coringa

mas o dilúvio nos aterrou na estrada

só chegamos em profunda madrugada

nem ás de copas

muito menos ás espadas

em nossa bagagem só cerveja

era o que restava

no culler da Federika

Bezerra  mais rica do bordel

da boemia

muito mais até que a Diva

a maior puta do país

o curral das éguas da planície

montanhosa em são luis

na madrugada iluminada

 

e como se diz lá nas quebradas

 

agora não se fala mais

agora não se fala nada

 

Federico Baudelaire

Subversão PoÉtica

A Traição das Metáforas

www.braziliricapereira.blogspot.com


Preparativos


 

Daqui alguns dias haverá o carnaval

Preparei minha máscara

senti o corpo

o gosto dos gozos que só me chegam por ele!

Os gozos que só moram na alma

quando atravessam os canais da carne

a tessitura do espírito

na fibra de cada pedaço bruto de matéria.

Que bom, aproxima-se o carnaval!

 

Carne


 
Aglomerado de espaço no tempo breve.

 

Quarta-feira qualquer


 

Quando terminar o carnaval

Eu que não sou cristã

Seguirei em meu caminho

Aceitando cada manhã, sem culpa

porque não sou cristã

portanto, tenho pouco de que me arrepender

acabo escolhendo o que faço!

Seguirei sem carnificina

Eu que não sou cristã

e não creio na imitação do sacrifício

nem mesmo no sacrifício de bichos

quem dirá de pessoas?!

A quarta de cinzas é dia de soprar e colorir

A sexta da paixão é dia de se apaixonar

Sem novidades quanto ao não matar ou comer animais,

pra mim, que não sou cristã.

 

Carolina Rieger 




Pátria A(r)mada

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com

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