sexta-feira, 29 de abril de 2022

Coletânea Potas Vivos - Convite

 


O POEMA DAS ANGÚSTIAS

 

Tudo é possível quando os sentidos são tão finos

que se pode desenhar com um espinho

o poema das angústias

até que se diga

: haja luz!

e a luz se faça tão límpida e clara

que nada reste de maldito ou inútil

dos humanos sobre a Terra

e sejamos outros, diversos,

refeitos não da lama

mas do lótus

em nossas mãos nunca mais as armas

em nossos corpos unicamente as almas

[moradoras provisórias de uma casa sem demora]

Tudo será etéreo quando - por fim - os véus se desfizerem?

Outra vez a Voz será ouvida?

no silêncio da palavra muda

mundana

sobraremos assim vazios

dissolvidos entre os contornos contínuos do tempo?

E o poema das angústias... restará desfeito

pelo mesmo espinho que sangrou teu peito?

[o que será da alma depois que do corpo - da casa sem demora - não sobre nem mais a sombra?]

 

Nic Cardeal

28.04.2022

thislakshmi.tumblr.com:




hipótese de abril

[sil guimarães]

 

exatamente por que é dezembro

chove não chove esquenta esfria

não tem fim este mês apócrifo

como aquela tardinha errada

que fingia ser de uma sexta-feira

e era — sem dúvida — de segunda

não tem fim este espelho onde

mais uma ruga nos sobre/assalta

aos poucos somos o contrário de nós

enquanto os dias teimam & voltam

não tem fim esta espera pela festa

o bolo os balões os vivas os votos

tudo eclesiasticamente enfadonho

que nos estraçalha nesta data querida


antropofágico

 

por traz dessa palavra

tem desejo

Dandara sempre me dizia

quando interpretava Adele

a personagem erótica

dos Retalhos Imortais do SerAfim

com os nervos comendo a própria pele

e não era Jura Secreta

era cena do Além da Mesa Posta

um banquete antropofágico

nesse país de bosta

 

Artur Gomes

https://fulinaimargem.blogspot.com/

 


Peça de Adriano Moura sobre a morte de Cícero Guedes, militante do MST,  Estreia no dia 05 de Junho, às 19:00, no Teatro Trianon em Campos dos Goytacazes RJ.
Não perca!

A CASA QUE MORA EM MIM


Começo a me despedir de minha casa,
recolho lembranças no chão dos quartos,
gritos de crianças, cheiros, imagens de festas,
o rito do café da tarde, que trouxe comigo
da casa de minha mãe.
Junto sustos e tristezas que restaram no beiral
das janelas, que abrem para o jardim da frente,
encontro, por acaso, planos que se perderam,
memórias descoloridas,
o sonho que não se cumpriu,
no meio da sala ensolarada,
esperando por mim, em vão.

Envelheci.

Levo o que se recusa a ficar,
o amor, os primeiros dentes das crianças,
o hábito de vigiar suas chegadas noturnas,
na rumorosa adolescência,
a alma da minha morada, seu cheiro indefinido,
mas bom. Alecrim?
Deixo o arcabouço de alvenaria, o barulho de chuva
no toldo das janelas, o assobio do vento
na telha francesa.

Uma parte da casa fica, outra parte vai em mim.

 Fernando Leite Fernandes


toada

 

assim é se lhe parece

ou mais coisa que o valha

já tirei sangue em navalha

por muito menos que isso

agora disputo a dedo

só pra mostrar o serviço

se for bom não renego

se for mal dou desdobro

ponho na conta do sogro

dou cascudo em menino

sem nenhum desatino

não aceito malogro

logo que o sol levanta

já enchi bem a pança

e me pus a caminho

de encontrar meu destino

até onde a vista alcança

já fui louco e fui criança

 

herbert emanuel


A caminho do poente vou desconstruindo bezerros de ouro

 

A caminho do poente

deixo largos sorrisos na moldura,

uma árvore plantada em março de 72,

cadernos de caligrafia, medalhas de bronze,

o emblema da primeira escola,

minhas calças de tergal,

e todas as migrações

do desejo...

A caminho do poente

deixo pedaços de espelhos quebrados,

um gol perdido no segundo tempo da partida,

cartões postais, o apito da fábrica,

a vela da primeira comunhão,

minha boina vermelha,

e todos os translados

da paixão...

A caminho do poente

deixo um prego fincado na parede branca,

viagens de trem para um subúrbio de Caxias,

a boemia dos versos, a vida dura na capital,

a lembrança do primeiro porre,

minhas sandálias franciscanas,

e todas as vicissitudes

do amor...

A caminho do poente

vou derretendo os desejos,

as paixões e os amores embrutecidos,

enquanto miro nas nuvens à minha esquerda

as cores raras de um fim de tarde,

e o sol que encobre

tudo...

A caminho do poente

vou desarmando as ilusões,

desconstruindo os bezerros de ouro,

despindo as esperanças,

desfazendo os sonhos,

as utopias...

A caminho do poente

vou me desintegrando,

vou me despedindo,

vou me deixando...

 

Joilson Bessa.

Alphaville, últimos dias de abril de 2022.


Poema da inesquecível mulher

 Eu, vero, me bati na tua porta:

mal caibo em mim, sem ti

no que importa

Sou trava de uma casa redigida

no vão da tua mão subtraída

 

Romério Rômulo

imagem: Pablo Picasso   



    Mundo Da Lua

 

verão de mil novecentos e setenta e quatro

dois olhos de mar passeavam sob a luz da lua

Angélica catava estrelas na areia

logo depois da meia noite o galo cantou

o peixe pulou nas águas da sereia

encantado com a voz que vinha

mergulhei no bosque e sangrei

a pele das solas dos sapatos

não demorou o ato do amor enquanto

que até hoje o gosto da língua trago

como um pircieng cravado

nos dentes da memória

 

Artur Fulinaíma

Suor & Cio

www.suorecio.blogspot.com

 

trago ainda bem guardado

tudo o que ainda não escrevi

juras secretas

versos alados

beijos não roubados

segundos minutos

poemas não falados

nessas horas que não vivi

 

Federico Baudelaire

www.personasarturianas.blogspot.com



CONVITE

 A Diretoria da ONG Beija Flor – Casa da Solidariedade tem o prazer e orgulho em convidar toda população de São Francisco do Itabapoana, principalmente moradores de Gargaú, para a Inauguração da Biblioteca Bracutaia, projeto idealizado pelo nosso Diretor de Arte Cultura, Artur Gomes, que estará presente, para um bate papo com o público, sobre as atividades que pretendemos desenvolver na Casa.

Aproveitamos também para convidar você a conhecer a UNIASSELVI nossa futura parceira nessa grande jornada.

https://blog.uniasselvi.com.br/

São Francisco do Itabapoana-RJ – 27 de Abril de 2022

Luiz Cesar - Sorriso – Ong Beija Flor – Casa da Solidariedade

Fulinaíma MultiProjetos

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/




Fulinaíma MultiProjetos

www.fulinaimamultiprojetos.blogspot.com

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