pan(demônica)
para
Salgado Maranhão
inspirado
no seu poema Pá
passeio os pés descalços
sobre covas rasas
contando ossos no poema exposto
no sujeito do objeto
tudo isso exposto
nesse papo reto
segue o passo norte
não leio cartas de suicídio
nem decreto de hospício
na tentação que me conforte
quero matar o genocídio
pra não morrer antes da morte
metáfora
meta dentro meta fora
que a meta desse trem agora
é seta nesse tempo duro
meta palavra reta
para abrir qualquer trincheira
na carne seca do futuro
meta dentro dessa meta
a chama da lamparina
com facho de fogo na retina
pra clarear o fosso escuro
Quem
cada
poeta tem a sua pessoal linguagem vertigem voltagem espanto. alguns tem até
desmaios. uns escrevem outros cantam outras falam. conheci um que me dizia
ouvir vozes não só apenas Ferreira Gullar. uma outra queria ter meu fogo. uma
outra é a mulher que só em sonhos sabe o quanto bem-me-quer. outra se assanhava
diante do espelho. alguns são mágicos como uns que brincam com o sal do
maranhão. outros são flechas certeiras atiradas em nosso peito. dois que
conheci dando os primeiros passos um pensava na fábrica o outro em Regis
Bonvicino, hoje um corsário o outro cult. nem sei porque estou escrevendo isso.
é que ontem conversando com um por telefone descobri mais um montão de
particularidades sobre ele. conheci um também grande mestre e amigo que só
queria saber de escritemas e gostava de ensinar curto circuitos. agora esse é
Quem e chegou ontem em Campos na casa da minha irmã depois de 2 meses postado
nos correios em São Paulo. me lembro agora dos passeios com Flora na praça General Osório em
Ipanema que encontrava sempre um que me dizia ter um poema escrito só com a
palavra Bunda mas que só permitiria ser publicado depois da sua morte e gostava
de afirmar também que prefácio não é bengala. eu sou um Homem Com A Flor Na Boca, de cactos, de lótus, de lírios que me
trazem conteúdo. e baudelérico baudelírico despetalo pétala por pétala com
espinhos com talo com tudo.
antes que seja tarde
qualquer
palavra é um risco
qualquer poema eu arrisco
mesmo
quando cilada
bala carro usado facada
compra venda laranja goiabeira
o lança chamas no circo
o dado lance no jogo
a mulher que come fogo
congresso de picadeiro
trapacear no senado é mágica
executivo carniceiro
poema não é brincadeira
comum baseado no ventre
farinha prisão entridentes
a farsa no país é trágica
e o povo é sempre o indigente
mar de lama
aqui tem os mais profundos bem mais fundo os mais
imundos minerais o mar de lama mata
a mata não
só ferro não só ouro não só prata mata
muito mais mata também o couro cru a carne viva meus oriundos ancestrais
pandemônica
2
como preservar a Amazônia
como exterminar a miséria se as 7 patas da Besta cavalgam pelo planalto? poema de 7 foices atrás da face anticristo e
nos palácios os crápulas com suas caras de vidro com suas bíblias e vícios devastam para o pasto pro gado queimam
florestas e bichos queimam a fauna e a flora matam em nome de cristo por
algum pastor são ungidos nunca vi tanto
canalha nesses pantanais reunidos
indicativo
olho dentro do teu olho para que olhe na minha cara e cara a cara me diga a quantas anda a nossa briga do
nosso amor pela ética se é tão estranha a
poética de só pensar lá na frente que até perdi a conta nesse pretérito faz de contas das quantas vezes que
já votei pra presidente e o nosso país do
futuro
nunca chega no presente
cacomanga
2
ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
conhecer os donos de fazenda
e odiar os generais.
mulher dos sonhos
ela ainda guarda na boca este poema entre os dentes
a língua saliva sílaba por sílaba as palavras que invento ela fala em meus
versos ao sabor do vento enquanto freud não explica o que ainda não fizemos ela
mastiga meus biscoitos finos e vê nos búzios minhas mãos de fogo quando tem no
livro este incenso aceso as entre minhas nas entre linhas dela e salta das
metáforas por entre portas e janelas
grafitemas
e figuralidades
estou escrevendo um mini conto um grafitema com
figuralidades não é coisa de cinema a mais nua e crua realidade certa noite ela
me veio não era sonho era uma noite de chuva com seus dois grandes olhos e mãos
tão pequenas como quem grafita na areia um espelho d´água à beira mar na lua
cheia vinha vestida de letras como o som da flauta de bambu dentro do fonema
veio de longe da outra margem do rio dentro da tapera o cauim me trouxe na
tigela bebi como índio na hora que vê nascer o filho beijei teus cabelos de
milho e ela me perguntou o que era
Artur
Gomes
Pátria A(r )mada
Editora Desconcertos – 2019
Prêmio Oswald de Andrade – UBE-2020
www.arturgumesfulinaima.blogspot.com
Artur
Gomes é poeta, ator e vídeo maker e produtor cultural –
Tem 17 livros de Poesia publicados – Entre eles: Boi Pintadinho 1981 - Suor & Cio 1985 – Couro Cru & Carne Viva 1987 – 20 Poemas
Com Gosto de JardiNÓpolis e Uma
Canção Com Sabor de Campos 1990 – Conkretude
Versus ConkrEreções 1994 – BraziLírica
Pereira : A Traição Das Metáforas
2000 – SagaraNagens Fulinaímicas
2015 – Juras Secretas 2018 – Pátria (r)mada 2019 e O Poeta Enquanto Coisa 2020 -
De 1975 a 2002 Dirigiu a Oficina de Artes Cências na Escola
Técnica Federal de Campos – Cefet-Campos.
De 2011 a 2012 – Dirigiu Oficinas de Produção Cine Vídeo no
IFF Campos Campus Centro –
De 2011 a 2103 – Dirigiu Oficinas de Produção Cine Vídeo no
SESC Campos.
De 2014 a 2016 – Dirigiu Oficinas de Artes Cênicas no SESC
Campos – onde criou a Cia Desafio de Teatro.
De 2018 a 2019- Lecionou Poéticas no Curso Livre De Teatro da
Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima em Campos dos Goytacazes.
Criador dos seguintes projetos culturais:
Mostra
Visual de Poesia Brasileira,
1983.
Em 1993 a MVPB teve uma Edição Especial em homenagem ao
Centenário de Mário de Andrade – realizada pelo SESC-SP.
Retalhos Imortais do SerAfim - Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, Realizado em 1995 pelo SESC-SP –
FestCampos
de Poesia Falada – 1999 – realizado pela FCJOL até o ano de 2019.
De 2015 a 2017 Dirigiu o Curso de Teatro MultiLinguagens no
SINASEFE em Campos onde produziu e coordenou o Sarau Baião De Dois.
De 1996 a 2016 foi uma das atrações do Congresso Brasileiro de
Poesia – em Bento Gonçalves-RS, onde além da apresentação com performances, dirigiu Oficinas de
Teatro.Poesia.
Festival
Cine
Vídeo de Poesia Falada criado em
2020 continua sendo exibido na página
Studio Fulinaíma Produção Audiovisual no facebook - https://www.facebook.com/studiofulinaima
Em 2019 lançou pela Editora Desconcertos o livro
Pátria A(r)mada – Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio 2020 - Cuja segundaedição ampliada e revisada está
pronta com lançamento previsto para 2022.
Em 2021 assinou a Curadoria da Mostra Cine e Vídeo de Poesia Falada realizada pelo SESC Piracicaba-SP.
Em 2002 lançou o CD Fulinaíma
Sax Blues Poesia.
E em 2020 seu 17° livro, O
Poeta Enquanto Coisa pela
Editora Penalux.
Seu poema Goytacá Boy,
gravado pelo próprio integra a Mostra de
Vídeo Poemas do projeto Arte De Toda
Gente, realizado pela FUNARTE em
2021 com curadoria de Tchello d´Barros.
Uma boa parte da sua obra poéticas está publicada em Antologias no Brasil e no
Exterior, e em um grande número de Revistas Digitais.
Tem escrito o projeto: Por
Onde Andará Macunaíma¿ uma releitura multilinguagem antropofágica da Semana
De Arte Moderna de 1922.
Fulinaíma MultiProjetos
Nenhum comentário:
Postar um comentário