terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

coletânea - poetas vivos

 


CÓRREGO

Sou somente o que carrega
o instinto, um córrego
que desata enigmas.

Mas quando me acercam
teus olhos,
vejo marés, glórias - gárgulas febris;
e as vigas de um coração
de urtiga. Por isto,
vento. E ergo
espelhos onde não há portas.

Cresceram flores
em minhas pupilas -
donde assisto a noite
a incendiar-te.

Um raio insone mora
em tuas vestes.

Salgado Maranhão

poema extraído de o mapa da tribo
(livro vencedor do Prêmio Pen Clube de Poesia, em 2014), que peguei da timeline no face de Dudu Galisa.




 

Lua no varal:
a noite vem pernoitar
no meu quintal.

 

Dudu Galisa




"LIMITAÇÃO

(Rosana C. Chrispim)

 

talvez devesse

apresentar

a depressão da maioria

entristecer de tudo

com as cenas

expostas

nos peitoris das

virtuais janelas e

confessas

em cartas ao amanhã

decerto

ficar aborrecida

com a vida forçada

a permanecer

descompassada

em compasso de espera

quem sabe

tivesse até que dar

mais peso

que buscar leveza

na involuntária pausa

na forçada limitação

de uma barreira transitiva

invisível

entre negação e ciência

decerto assim

pudesse inferir

a anatomia

da aflição"

 

Texto de agradecimento de Nic Cardeal a Rosana Crispim, pelo envio da antologia Dias Distantes.

 

● Da antologia 'Dias distantes', organização de Dalila Teles Veras, Alpharrabio Edições, 2021. Te agradeço muito, Rosana, pelo gentil envio dessa obra tão necessária, composta pelas mãos de 23 artistas incríveis: "(...) Os 23 trabalhos - poemas, contos, desenhos, fotografias - que compõem 'dias distantes' retratam e, mais que tudo, atravessam esse tempo sufocante, senhor de novas rotinas e isolamentos, com seu rastro de peste, perdas, dores, lutos, a cada dia mais profundo e desalentador. Uma encantadora diversidade de linguagens e estilos contra esses dias que se transformam numa espécie de massa escura e informe, modelada por algum ser maligno, perverso e macabro, arquiteto da destruição"

 

(Santo André, Outono 2021, Alpharrabio Edições).

 

Um livro para ler devagar, refletir, apreciar, buscar vislumbrar entre cada entrelinha das palavras ditas, nas beiradas sutis de cada fotografia ou desenho, aquela fresta de esperança que, teimosa, resiste em todos os estreitos da vida.

 

Isso também haverá de passar! E estou muito certa de que minha 'viagem' será proveitosa!




 

Navegar é preciso

           para Fernando Aguiar

 

Aqui redes em pânico

pescam esqueletos no mar

esquadras  descobrimento

espinhas de peixe convento

cabrálias esperas relento

escamas secas no prato

e um cheiro podre no AR

caranguejos explodem

mangues em pólvora

 

é surreal a nossa realidade

tubarões famintos devoram cadáveres

 em nossa sala de jantar

 como levar o   barco

em meio a essa tempestade

navegar é preciso

mas está dificilíssimo navegar

 

Artur Gomes

Poema para a segunda edição do livro Pátria A(r)mada – Editora Desconcertos - Fulinaíma MultiProjtos 




PoÉticas ArturiAnas

www.arturkabrunco.blogspot.com

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