CÓRREGO
Sou somente o que carrega
o instinto, um córrego
que desata enigmas.
Mas quando me acercam
teus olhos,
vejo marés, glórias - gárgulas febris;
e as vigas de um coração
de urtiga. Por isto,
vento. E ergo
espelhos onde não há portas.
Cresceram flores
em minhas pupilas -
donde assisto a noite
a incendiar-te.
Um raio insone mora
em tuas vestes.
Salgado Maranhão
poema extraído de o mapa da tribo
(livro vencedor do Prêmio Pen Clube de Poesia, em
2014), que peguei da timeline no face de Dudu Galisa.
Dudu
Galisa
talvez devesse
apresentar
a depressão da maioria
entristecer de tudo
com as cenas
expostas
nos peitoris das
virtuais janelas e
confessas
em cartas ao amanhã
decerto
ficar aborrecida
com a vida forçada
a permanecer
descompassada
em compasso de espera
quem sabe
tivesse até que dar
mais peso
que buscar leveza
na involuntária pausa
na forçada limitação
de uma barreira transitiva
invisível
entre negação e ciência
decerto assim
pudesse inferir
a anatomia
da aflição"
Texto de agradecimento de Nic Cardeal
a Rosana Crispim, pelo envio da antologia Dias Distantes.
● Da antologia 'Dias distantes', organização de Dalila Teles Veras,
Alpharrabio Edições, 2021. Te agradeço muito, Rosana, pelo gentil envio dessa
obra tão necessária, composta pelas mãos de 23 artistas incríveis: "(...)
Os 23 trabalhos - poemas, contos, desenhos, fotografias - que compõem 'dias
distantes' retratam e, mais que tudo, atravessam esse tempo sufocante, senhor
de novas rotinas e isolamentos, com seu rastro de peste, perdas, dores, lutos,
a cada dia mais profundo e desalentador. Uma encantadora diversidade de
linguagens e estilos contra esses dias que se transformam numa espécie de massa
escura e informe, modelada por algum ser maligno, perverso e macabro, arquiteto
da destruição"
(Santo André, Outono 2021,
Alpharrabio Edições).
Um livro para ler devagar, refletir,
apreciar, buscar vislumbrar entre cada entrelinha das palavras ditas, nas
beiradas sutis de cada fotografia ou desenho, aquela fresta de esperança que,
teimosa, resiste em todos os estreitos da vida.
Isso também haverá de passar! E estou
muito certa de que minha 'viagem' será proveitosa!
Navegar é
preciso
para Fernando
Aguiar
Aqui redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
é surreal a nossa realidade
tubarões famintos devoram cadáveres
em nossa sala de jantar
em meio a essa tempestade
navegar é preciso
mas está dificilíssimo navegar
Artur
Gomes
Poema para a segunda edição do livro Pátria A(r)mada – Editora
Desconcertos - Fulinaíma MultiProjtos
PoÉticas ArturiAnas
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