alvoroço na aldeia franciscana
Godot montou seu cavalo baio
pensando copa cabana
atravessou como um raio
as barras do Itabapoana
deixou amante em guriri
da sereia ouvi o canto
e foi para iriri
cantar com espírito santo
comer quibe de peixe
com água ardente capixaba
e em noites de lua cheia
licor de jabuticaba
o povo de gargaú em polvorosa
lambendo o cravo e a rosa
provocou madona em guaxindiba
como quem briga
por preço baixo no mercado
que ela então decretasse
que Godot fosse enjaulado
e desfizesse para sempre
esse novelo do bordado
a tribo de ururaí
num ariticum desesperada
bradou um canto mameluco
pegou seus tambores de guerra
confeccionados no macuco
dançou no alto da serra
como quem dança uma balada
gastou as solas dos sapatos
e foi caçar onça pintada
nas matas do carrapato
Artur Gomes
Poéticas ArturiAnas
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travessuras baudeléricas
nos currais dos mares salgados
Federico pensou Iracema
com seus grandes vestidos folgados
como a grande ninfeta Iolanda
trajada em vestes de penas
nos bailes do império em Luanda
nas barras da sai da fama
ele então grafitou grumixama
palavra que ouviu numa cena
na língua da formosa dama
no teatro da rua ipanema
nos bordeís de copacabana
os cogumelos de Santa Cecília
nas barras incandescentes da cama
pornofônicas palavras fonemas
pitanga urucum colorau açucena
com os caldos da salsaparrilha
qualquer grande orgia é pequena
Artur Gomes Fulinaíma
Nação Goytacá
www.arturfulinaima.blogspot.com
pitadas
de Suassuna
com josé
cândido de carvalho
godot atravessou o rubicão
num galope do karalho
seu cavalo baio corria mais que o cão
com medo do espantalho
voltando de iriri
passou pela muritiba
para catar sementes de aroeira
e fugir do delegado
no encontro não marcado
nas rodas de capoeira
nas caiçaras da intriga
foi fazer cosmético
pra amante de guaxindiba
que deixou em guriri
comendo piaba frita
no almoço da sexta feira
parecia um tal coronel
Ponciano de Azeredo Furtado
como medo de lobisomem
pensando que o bicho é homem
sem tempo de tomar banho
amanheceu sujo borrado
contando as vacas no pasto
no sobrado do Airizes
nos fios do arame farpado
Artur Gomes
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sonho medonho
para Celso de Alencar
inspirado em um poema de Chico das Iolandas
quando Cronos
beijou Vênus em Creta
foi para separar Ísis de Apolo
e evitar que Júlia morresse
de morte tão prematura
e a cabeça de Pompeu
não fosse encontrada num cesto
ao invés de sepultura
sonho literatura
desses que a gente sonha
com desejo de sonhar
e pensa até que a fronha
é mulher pra se casar
toca-se até uma bronha
sonhando que vai gozar
com a diaba Cleópatra
sacerdotisa no altar
esporra nas franjas da cama
e nunca mais quer acordar
Federico Baudelaire
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