sábado, 26 de fevereiro de 2022

coletânea - poetas vivos - Hugo Pontes

 

Hugo Pontes ao lado de Ademir Bacca - 
Congresso Brasileiro de Poesia - Bento Gonçalves-RS
foto: Artur Gomes 

ENTRE ÁGUAS

 

Dos rios

da vida

lembro-me com saudade.

 

Saúde, meu rio Verde.

Grande, Araguaia,

Sena e Pardo.

 

E o pequeno

Ribeirão do Doido?

que leva as águas

ao agricultor de estrelas,

e ao pescador de sonhos.


MITOLOGIA

 

No passado,

num reino próximo,

dois bois centauros

sentaram  

para conversar

e

cultivar amizade.

 

Dois centauros,

bois centauros

hoje

não valem centavos.




 LOTERIA

 

Anti-povo

anti-ovo

 

no xis

os ais

 

bolso menos,

oco mais.

 



 CONSTATAÇÃO

 

Banqueiro

   não rima

   com poeta.

 

   Aquele

Conta dinheiro,

   Este canta

   É esteta.

 

 



SEM PALAVRAS

 

Para não dizer

que não falei de flores

 

Coloco uma rosa

no poema,

 

Mas os espinhos

ficam no coração




 VELHO CHICO

 

O

Rio

São Francisco

não cabe

no corpo

da terra

 

não cabe

no corpo

de Minas

 

não cabe

no corpo

do homem

 

mas cabe

no coração.




 CRÍTICA

 

Decidido:

 

Nem crítico,

  nem poeta.

 

Um esteta.




 VERDE RIO VERDE

 

Rio Verde

de meu primeiro banho.

 

Águas da minha sede,

Peixes da minha fome.

 

Rio

meu mar

da infância.

 

Morres lento,

na morte dos meus sonhos.




 EMPÓRIO

 

Poemas são linhas

empilhadas como mercadoria

nas prateleiras da vida.

 

Poemas,

quem há de comprá-los?

 

Mercadoria tão rara,

tão cara

aos olhos de quem a fez.

 

Poemas,

quem se dispõe encontrá-los?

 

 VULCÃO

 

Os mortos não,

os mortos são

mais os mortos

da minha vida.

 

A lava do vulcão

não traz a fertilidade

mas faz um sulco

e marca

o coração do homem.

 

PASTOREAR

 

Subir a montanha

e guardar o rebanho

a fogo e ferro.

 

Salgar o rebanho

em rastro de terra

e palmo de pedra.

 

Subir a montanha

e pastar a palma nativa

e regar a areia

e criar o limo.

 

Subir a montanha

colher e comer a pedra

em vinagre e sal.

 

Hugo Pontes

https://www.facebook.com/hugo.pontes.735

 

Hugo Pontes – Poemas Visuais e Poesias

 A ousadia do experimentalismo poético não estacionou no Concretismo. As experiências prosseguiram e continuam até nossos dias com resultados surpreendentes. A partir da década de 70, no Brasil, os poetas visuais surgem timidamente, promovendo as suas primeiras exposições e publicações alternativas.

Com o passar do tempo, inúmeros adeptos se integram ao movimento do poema visual e cada um manifesta a sua arte utilizando-se dos recursos mais variados: xerografia, computador, holografia, vídeo, cartazes impressos, laser, cartões postais, selos e carimbos.

 fonte: - https://www.amazon.com.br/Hugo-Pontes/e/B094K1C2WT%3Fref=dbs_a_mng_rwt_scns_share



HUGO PONTES é natural de Três Corações-MG onde nasceu a 22 de julho de 1945.

 É formado em Letras/ Língua Portuguesa e Língua Francesa e Respectivas Literaturas. Tem especialização em Literatura Brasileira. Professor na Universidade de Alfenas, Campus de Poços de Caldas; Supervisor Pedagógico da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas.

 Com relação às atividades literárias, vem desenvolvendo estudos relativos ao poema visual e a pesquisa sobre memória histórica. É um dos pioneiros na arte xerox no Brasil. Já publicou cerca de 20 livros.

 Edita, em Poços de Caldas para o Jornal da Cidade, a página - ComunicARTE, única na imprensa brasileira que divulga o poema visual, há 15 anos. Há 10 anos tem o sítio dedicado ao poema visual www.poemavisual.com.br

 Participou ativamente da Mostra Visual de Poesia Brasileira – projeto idealizado por Artur Gomes realizado de 1983 a 1994

 


Pátria A(r)mada

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