ENTRE ÁGUAS
Dos rios
da vida
lembro-me com saudade.
Saúde, meu rio Verde.
Grande, Araguaia,
Sena e Pardo.
E o pequeno
Ribeirão do Doido?
que leva as águas
ao agricultor de estrelas,
e ao pescador de sonhos.
MITOLOGIA
No passado,
num reino próximo,
dois bois centauros
sentaram
para conversar
e
cultivar amizade.
Dois centauros,
bois centauros
hoje
não valem centavos.
LOTERIA
Anti-povo
anti-ovo
no xis
os ais
bolso menos,
oco mais.
CONSTATAÇÃO
Banqueiro
não rima
com poeta.
Aquele
Conta dinheiro,
Este canta
É esteta.
SEM PALAVRAS
Para
não dizer
que
não falei de flores
Coloco
uma rosa
no
poema,
Mas
os espinhos
ficam
no coração
VELHO CHICO
O
Rio
São Francisco
não cabe
no corpo
da terra
não cabe
no corpo
de Minas
não cabe
no corpo
do homem
mas cabe
no coração.
CRÍTICA
Decidido:
Nem crítico,
nem poeta.
Um esteta.
VERDE RIO VERDE
Rio Verde
de meu primeiro banho.
Águas da minha sede,
Peixes da minha fome.
Rio
meu mar
da infância.
Morres lento,
na morte dos meus sonhos.
EMPÓRIO
Poemas são linhas
empilhadas como mercadoria
nas prateleiras da vida.
Poemas,
quem há de comprá-los?
Mercadoria tão rara,
tão cara
aos olhos de quem a fez.
Poemas,
quem se dispõe encontrá-los?
VULCÃO
Os mortos não,
os mortos são
mais os mortos
da minha vida.
A lava do vulcão
não traz a fertilidade
mas faz um sulco
e marca
o coração do homem.
PASTOREAR
Subir a montanha
e guardar o rebanho
a fogo e ferro.
Salgar o rebanho
em rastro de terra
e palmo de pedra.
Subir a montanha
e pastar a palma nativa
e regar a areia
e criar o limo.
Subir a montanha
colher e comer a pedra
em vinagre e sal.
Hugo Pontes
https://www.facebook.com/hugo.pontes.735
A ousadia do experimentalismo poético não estacionou no Concretismo. As experiências prosseguiram e continuam até nossos dias com resultados surpreendentes. A partir da década de 70, no Brasil, os poetas visuais surgem timidamente, promovendo as suas primeiras exposições e publicações alternativas.
Com o passar do tempo, inúmeros adeptos se integram ao movimento do poema visual e cada um manifesta a sua arte utilizando-se dos recursos mais variados: xerografia, computador, holografia, vídeo, cartazes impressos, laser, cartões postais, selos e carimbos.
HUGO PONTES é natural de Três Corações-MG onde nasceu a 22 de julho de 1945.
Com relação às atividades literárias, vem desenvolvendo estudos relativos ao poema visual e a pesquisa sobre memória histórica. É um dos pioneiros na arte xerox no Brasil. Já publicou cerca de 20 livros.
Edita, em Poços de Caldas para o Jornal da Cidade, a página - ComunicARTE, única na imprensa brasileira que divulga o poema visual, há 15 anos. Há 10 anos tem o sítio dedicado ao poema visual www.poemavisual.com.br
Participou ativamente da Mostra Visual de Poesia Brasileira – projeto idealizado por Artur Gomes realizado de 1983 a 1994
Pátria A(r)mada
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