Todas
as coisas sozinhas
Um cinzeiro
Um prato
Um copo
Um corpo
São uma tragédia.
Não aquela, dos gregos:
Ésquilo, Eurípedes, Sofócles.
Mas quando um cinzeiro
Não é limpo, quando um
Prato não é lavado,
Quando um copo é abandonado
E um corpo não é celebrado
Indícios da tragédia são
mostrados.
E é por isso que os deuses
fecham
Suas bocas e são
silenciosos
Como um quadro.
Por acaso, você já viu
Ou sentiu em uma casa abandonada
A manifestação do pó?
Já passaste a mão em uma colher
No dia seguinte? Já tiveste a
emoção
De lavar os talheres de uma noite
De celebração?
Pois é: tudo isso é noite.
Tudo isso é névoa.
Tudo isso é neblina.
E é tragédia.
Um lance de dados
Jamais abolirá o acaso
E se é por acaso
Lance os dados!
Não dei em nada
Dei em mim
BAGAGEM
Na mochila ou na valise
a rigidez das fronteiras
é uma ordem. Desobedeça.
Rubens Jardim
Poeta, Jornalista – organizador da coletânea As Mulheres Poetas Na Literatura Brasileira –
lançamento presencial dia 8 de março na Patuscada – São Paulo - Promoveu e organizou o ANO JORGE DE LIMA em 1973, em comemoração
aos 80 anos do nascimento do poeta, evento que contou com o apoio de Carlos
Drummond de Andrade, Menotti del Pichia, Cassiano Ricardo, Raduan Nassar e
outras figuras importantes da literatura do Brasil. Organizou e publicou JORGE,
8O ANOS (uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra
do poeta alagoano). Fez parte do Catequese Poética,
movimento iniciado por Lindolf Bell em 1964 com o objetivo de
tirar a poesia das gavetas, tornando-a mais acessível através de apresentações,
declamações, conferências e debates nas ruas e em universidades. No início o
palco era a praça, pois dali extraía-se o pedestre de seu rumo anônimo e
indeterminado, reavivando sua condição de homem, cidadão. Como prova desta
identidade humana, anos depois Milton Nascimento passou a cantar “o artista tem que ir aonde o povo está”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário