"Olha para mim e me ama.
Não: tu olhas para ti e te amas.
É o que está certo."
TUA LUA CHEIA, EM MIM VAZIA
Não há como te renegar o rasgo
que deixaste sempre aceso
cratera da tua Lua Cheia
destilada em poesia
sobre a minha linha de vida.
Sou poeira cósmica
no chão onde pisas
meus átomos te povoaram outrora
onde não houve espaço
nem compasso de espera
à tua doce loucura na alma minha.
Minha alma veste-se por inteiro de estrelas:
anãs brancas, supernovas,
gigantes azuis ou vermelhas
pulsam em mim todas elas
e, sendo assim,
sempre cedo,
nunca tarde,
o teu horizonte ainda arde
feito Lua Cheia - de crateras entorpecida -
aos pés dos meus ouvidos!
(Nic
Cardeal, in: Scenarium Livros Artesanais, Projeto Coletivo Sete Luas, org.
Lunna Guedes, SP/2018)
* Eclipse lunar na Lua
Cheia de 15.05.2022 - fotografia de Jonaas Jonaas, via "Astronomia e
Astrofísica":
O RETORNO DE BILLY NEGÃO
Billy Negão é uma garota
Sem juízo nenhum
Foi amiga do Cazuza, trampava na
noite
Jogava seu charme para qualquer um
Mas nunca hesitava, puxava a navalha
Botava otário pra correr
Sob a lua de neon, o sangue escorria
Nas sarjetas do Baixo Leblon
Billy Negão é um perigo
Uma bandida, um avião
Uma boneca vadia
Se vira sem nenhum tostão
Billy desfila na passarela
Dos malandros lá da Lapa
Reza na igreja dos loucos
E toda noite vai dormir chapada
Mas não marca bobeira, desvia das
balas
Não vacila com a milícia
Sai da mira, enrola um beque, dá uma
bola
Embola reggae com embolada
Billy Negão não quer treta com
ninguém
Mas também não diz amém
Pra pastor ou impostor
Descolada, não suporta parasita
Não dá trela pra fascista
Sai no braço se alguém trisca
Na escola da vida ela é passista
Chama Exu e Tranca-rua
Bebe pinga e risca a faca
Chupa charuto, não aguenta desaforo
Solta densa baforada
Faz um talho no babaca
Billy só quer viver em paz
Se é homem ou mulher
Que diferença faz?
Billy Negão é um perigo
Uma bandida, um avião
Uma boneca vadia
Se vira sem nenhum tostão
Billy Negão é uma flor
Cheia de dengo e de malícia
Não se entrega pra polícia
Só se entrega por amor
(Ademir
Assunção)
Escrevi este poema retomando o
personagem Billy Negão, da música do Cazuza, mas pensando na figura de Madame
Satã.
Na foto, o ator Sulivã Bispo na pele
de Madame Satã.
MEU NOME É CÍCERO
tá chegando uma linda lua cheia, que irá ascender do horizonte voluptuosa, escarlate, enrubescida, lúbrica e luminosa.
Como prenúncio, este poemeto...
já não são mais
as palavras do silêncio
sou uma voz
silenciada
que ora
vos fala
(Jidduks)
metáfora alquimia
cavalga cavala
com teu dorso no horizonte
ventania
pássaro de patas
pisa no vento
na metáfora/alquimia
a menina corre
pela estrada
na velocidade do fogo
com seus cabelos de plumas
felina unhas nas pedras
com suas algas de mar
molhada de maresia
nas noite frias de maio
mete a boca no luar
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com
Fulinaíma MultiProjetos
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