quarta-feira, 11 de maio de 2022

Coletânea Poetas Vivos

 

Já está no AR a coluna Geleia Geral no Portal Viu. Espaço para Art Poesia e informação cultural cotidianamente. Revirando a Tropicália Vamos Devorar 22 – 100 Anos Depois uma homenagem as memórias de Torquato Neto e Paulo Leminski.

www.portalviu.com.br


nos cemitérios de mariupol

 

lutaram como heróis

ninguém duvida



eram todos sementes

semeaduras

gestos

memórias

cantos

presença

tão fracos pois assim se atracam

e nada resta da causa insana

de quem perdeu sopros e sonhos

um lento decompor de brasa e ossos

e a chama da beleza inteira brilha

 

Hamilton Faria


AMOR FARDADO

 

Todo aquele,

todo, de caserna,

que marcha batendo

com força as botas,

inebriado, encantado,

no chão das ruas,

vê-se apaixonado

pelo companheiro

quando ao banhar-se

debaixo do chuveiro,

tem-no totalmente nu.

 

Há uma névoa

deixada pela chuva

abrigando-se no meio

das árvores por onde

caminham os homens.

O silêncio se espalha

e os sussurros dos passarinhos

são tragados pela noite

que sem aviso deita-se

sobre o dia já cansado.

 

Celso de Alencar

Poema do livro Um Homem Cantava Para Cachorros – 2022


PRIMEIRA LIÇÃO

 

A menina que eu fui

um dia caiu na besteira de enterrar

uma chave de fenda nos fundos da casa.

Pegou o martelo do pai

e martelou, martelou, martelou,

até não conseguir avistar nenhum pedacinho do cabo:

- pronto, estava feito! -

A menina que eu fui

nunca ficou sabendo como tão rapidamente

a mãe tomou conhecimento do acontecido!

Só recorda [nitidamente!] que foi pega em flagrante!

A menina não lembra se foi com chinelo ou cinto,

só sabe que doeu a surra recebida,

porque chorou muito... depois correu,

trancou-se no quarto

e se escondeu embaixo da cama.

A mãe, arrependida da repreensão,

também chorou

e ao pai incumbiu de procurar a menina.

Mas, a menina que eu fui

recusava-se a abrir a porta,

continuou embaixo da cama,

envergonhada como uma semente que não quer virar broto de jeito nenhum...

O pai, silencioso como um eremita,

precisou arrombar a porta

porque a menina nunca mais sairia do esconderijo!

A mãe,

feita da força da Terra, do calor do Sol e do coração da Lua,

olhou nos olhos da menina e não disse mais nada,

apenas a pegou em seus braços abertos e a aconchegou, em lágrimas.

A menina que eu fui lá distante, aos seis anos,

achou que já era hora de perguntar a primeira grande lição da vida:

- então, nem tudo o que a gente planta nasce de novo, mãe?

 

Nic Cardeal

08.05.2022

(para minha mãe, que desde 2020 é outra vez semente em germinação em outros planos)

 


Eu queria fazer

Um poema desmedido

Que te despisse

Que descaísse

Como luva

Na tua pele

E tudo então seria belo

Tão belo que até a natureza

Que tudo destece

Invejasse

E desse de criar paisagens

Para combinar com a nova

Nudez que te veste

Para que o mundo inteiro

Viesse ver de perto

E lesse cada verso

Do meu/teu

Poema-pele

Não podendo fazer

Um poema desmedido

Me surpreendo

Vendo tua pele

Vindo e vestindo

Sob medida

Estes versos.

 

Armando Liguori Junior


Todo Dia É Dia D Poesia Todo Dia


compartilho aqui texto/comentário do Tanussi Cardoso sobre o meu poema
meta metáfora no poema meta. É do Tanussi o texto de apresentação do meu próximo livro: SagaraNAgens Fulinaímicas, este é um dos poemas que compõem o repertório de uma safra de 1995 a 2005

Poema excelente, desde o título, onde se "joga" com alguns significados da palavra "meta" (verbo meter, objetivo, ideal), bem como o próprio jogo da metáfora, que é o espelho do bom poeta, como Artur Gomes, que "brinca" em todas com seus virtuais-poéticos-metafóricos-plásticos-metalinguísticos. Eta cara bom, sô!!! Abraços.

meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste

como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece

 

Artur Gomes

SagaraNAgens Fulinaímicas – 2015

www.porradalirica.blogspot.com

Juras Secretas – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com

 

Juras Secretas e O Poeta Enquanto Coisa já nas mãos da minha querida amiga psicóloga Luiza Bozola. O Poeta Enquanto Coisa, lanço em Campos dia 24 de junho na Santa Paciência - Casa Criativa, no Sarau Geleia Geral – Revirando a Tropicália – Vamos Devorar 22 – 100 Anos Depois.

 Santa Paciência - Casa Criativa - Rua Barão de Miracema, 81 - Campos dos Goytacazes-RJ


Mar de Búzios

 

Queimando em Mar de Fogo me Registro
lá no fundo do teu íntimo
bem no branco do meu nervo
brota uma onda de sal e líquido
procurando a porta do teu cais

teu nome já estava cravado nos meus dentes
desde quando Sísifo olhava no espelho
primeiro como Mar de Fogo
registro vivo das primeiras Eras

segundo como Flor de Lótus
cravado na pele da flor primavera
logo depois gravidez e parto
permitindo o Logus
quando o amor quisera


Artur Gomes Fulinaíma

Suor & Cio – 1985

www.suorecio.blogspot.com


nossas palavras escorrem

pelo escorrer dos anos

estradas virtuais

fossem algaravias

nosso desejo que não se concreta

e

eu tenho a fome entre os dedos

a sede entre os dentes

e a língua sobre a escrita

que ainda não fizemos

e o que brota desse amor latente

se o desejo é tua boca

no lençol dos dias?

 

Artur Fulinaíma

www.fulinaimargem.blogspot.com




Fulinaíma MultiProjetos

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com

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