Já está no AR a coluna Geleia Geral no Portal Viu. Espaço
para Art Poesia e informação cultural cotidianamente. Revirando a Tropicália
Vamos Devorar 22 – 100 Anos Depois uma homenagem as memórias de Torquato Neto e
Paulo Leminski.
nos cemitérios de mariupol
lutaram como heróis
ninguém duvida
eram todos sementes
semeaduras
gestos
memórias
cantos
presença
tão fracos pois assim se atracam
e nada resta da causa insana
de quem perdeu sopros e sonhos
um lento decompor de brasa e ossos
e a chama da beleza inteira brilha
Hamilton
Faria
AMOR FARDADO
Todo aquele,
todo, de caserna,
que marcha batendo
com força as botas,
inebriado, encantado,
no chão das ruas,
vê-se apaixonado
pelo companheiro
quando ao banhar-se
debaixo do chuveiro,
tem-no totalmente nu.
Há uma névoa
deixada pela chuva
abrigando-se no meio
das árvores por onde
caminham os homens.
O silêncio se espalha
e os sussurros dos passarinhos
são tragados pela noite
que sem aviso deita-se
sobre o dia já cansado.
Celso
de Alencar
Poema do livro Um Homem Cantava Para Cachorros –
2022
A menina que eu fui
um dia caiu na besteira de enterrar
uma chave de fenda nos fundos da
casa.
Pegou o martelo do pai
e martelou, martelou, martelou,
até não conseguir avistar nenhum
pedacinho do cabo:
- pronto, estava feito! -
A menina que eu fui
nunca ficou sabendo como tão
rapidamente
a mãe tomou conhecimento do
acontecido!
Só recorda [nitidamente!] que foi
pega em flagrante!
A menina não lembra se foi com
chinelo ou cinto,
só sabe que doeu a surra recebida,
porque chorou muito... depois correu,
trancou-se no quarto
e se escondeu embaixo da cama.
A mãe, arrependida da repreensão,
também chorou
e ao pai incumbiu de procurar a
menina.
Mas, a menina que eu fui
recusava-se a abrir a porta,
continuou embaixo da cama,
envergonhada como uma semente que não
quer virar broto de jeito nenhum...
O pai, silencioso como um eremita,
precisou arrombar a porta
porque a menina nunca mais sairia do
esconderijo!
A mãe,
feita da força da Terra, do calor do
Sol e do coração da Lua,
olhou nos olhos da menina e não disse
mais nada,
apenas a pegou em seus braços abertos
e a aconchegou, em lágrimas.
A menina que eu fui lá distante, aos
seis anos,
achou que já era hora de perguntar a
primeira grande lição da vida:
- então, nem tudo o que a gente
planta nasce de novo, mãe?
Nic Cardeal
08.05.2022
(para minha mãe, que desde 2020 é
outra vez semente em germinação em outros planos)
Eu queria fazer
Um poema desmedido
Que te despisse
Que descaísse
Como luva
Na tua pele
E tudo então seria belo
Tão belo que até a natureza
Que tudo destece
Invejasse
E desse de criar paisagens
Para combinar com a nova
Nudez que te veste
Para que o mundo inteiro
Viesse ver de perto
E lesse cada verso
Do meu/teu
Poema-pele
Não podendo fazer
Um poema desmedido
Me surpreendo
Vendo tua pele
Vindo e vestindo
Sob medida
Estes versos.
Armando Liguori Junior
Todo Dia É Dia D Poesia Todo Dia
compartilho aqui texto/comentário do Tanussi
Cardoso sobre o meu poema meta metáfora no poema meta. É do Tanussi o texto de apresentação do meu
próximo livro: SagaraNAgens
Fulinaímicas, este é um dos poemas que compõem o repertório de uma safra de
1995 a 2005
Poema excelente, desde o título, onde se
"joga" com alguns significados da palavra "meta" (verbo
meter, objetivo, ideal), bem como o próprio jogo da metáfora, que é o espelho
do bom poeta, como Artur Gomes, que "brinca" em todas com seus
virtuais-poéticos-metafóricos-plásticos-metalinguísticos. Eta cara bom, sô!!!
Abraços.
meta metáfora no poema meta
como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste
como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece
Artur Gomes
SagaraNAgens Fulinaímicas – 2015
www.porradalirica.blogspot.com
Juras Secretas – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Juras Secretas e O Poeta Enquanto Coisa já nas mãos da minha querida amiga psicóloga Luiza Bozola. O Poeta Enquanto Coisa, lanço em Campos dia 24 de junho na Santa Paciência - Casa Criativa, no Sarau Geleia Geral – Revirando a Tropicália – Vamos Devorar 22 – 100 Anos Depois.
Mar de Búzios
Queimando em
Mar de Fogo me Registro
lá no fundo do teu íntimo
bem no branco do meu nervo
brota uma onda de sal e líquido
procurando a porta do teu cais
teu nome já estava cravado nos meus dentes
desde quando Sísifo olhava no espelho
primeiro como Mar de Fogo
registro vivo das primeiras Eras
segundo como Flor de Lótus
cravado na pele da flor primavera
logo depois gravidez e parto
permitindo o Logus
quando o amor quisera
Suor & Cio –
1985
nossas palavras escorrem
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais
fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta
e
eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos
e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?
Artur Fulinaíma
www.fulinaimargem.blogspot.com
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