segunda-feira, 20 de junho de 2022

Coletânea Poetas Vivos

 

AMIGOS CANCIONISTAS

 Assim que ouvi “Que tal um samba?”, do Chico, senti um chamado a colocar mais um samba na minha vida e na de quem acompanha meu trabalho.

 Como a vibe é coletiva e, também, pra tudo rolar mais rápido, resolvi fazer uma letra e buscar amigos cancionistas progressistas para colocarem a melodia.

 Marquei, nessa postagem, alguns desses amigos e amigas e, caso algum ou alguma tope a empreitada, é só comentar, melodizar a letra e me enviar um vídeo, para fazermos um collab. A ideia não é excluir ninguém, então, mesmo que você não tenha sido marcado e quiser fazer parceria, sinta-se à vontade.

 E se mais de um compositor topar? Vai ser mais legal ainda, pois ainda teremos a oportunidade de apreciar como cada um identificou fragmentos de melodia da letra em questão.

Vamos lá? Segue a letra.

 

O SAMBA É NOSSO ALIADO

 

O bom e velho Francisco propôs:

- Que tal um samba?

Eu não deixarei pra depois

Não vou me fazer de rogado

O samba é nosso aliado

É foice, é martelo, é feijão com arroz

 

Maior na tonalidade

Sagaz e fugaz na intenção

Meu samba aqui radicado

Radical na proposição

Não há de haver mais tristeza

Nem dias de consolação

Angélica e Augusta

Já estão na Paulista

Cantando e batendo partido na mão

 

O bom e velho Francisco propôs

Que tal um samba?

Eu não deixarei pra depois

Não vou me fazer de rogado

O samba é nosso aliado

É foice, é martelo, é feijão com arroz

 

O samba, na maioridade

Já não admite a submissão

Afeito à palavra de ordem

Meu samba é sagrado

Tem feitio de oração

Quem gosta de ficar parado

É gado confinado, comendo ração

Eu tô de saída pro Cais do Valongo

Hoje é dia de jongo

Hoje é dia bênção!


Márcio Coelho 


Arte Digital: Ademir Antônio Bacca

Geleia Geral – Revirando a Tropicália

Dia 24 – junho – 2022 – 19h

Santa Paciência – Casa Criativa

Rua Barão de Miracema, 81

Campos ex-dos Goytacazes

 

Let's Play That

Torquato Neto

 

quando eu nasci

um anjo louco muito louco

veio ler a minha mão

não era um anjo barroco

era um anjo muito louco, torto

com asas de avião

 

eis que esse anjo me disse

apertando minha mão

com um sorriso entre dentes

vai bicho desafinar

o coro dos contentes

vai bicho desafinar

o coro dos contentes

let's play that

 

clique no link para ouvir na voz de Jards Macalé

https://www.youtube.com/watch?v=KNWJXKWcQrs

Let´s Play That é um dos poemas de Torquato que estarei interpretando na Geleia Geral – Revirando a Tropicália


Mundo Cão

 

Longo dia

Olhar distante

Pessoas sempre iguais...

 

Solitária é a noite

Que me tem

Percebo o quanto, ainda,

há de me vir...

 

Os meses se alongam

Na estupidez do dia a dia

– Eu me sinto um tolo, sem alegria –

Às vezes acho que não caibo mais aqui...

 

Observo o todo

Olho mais de perto

Me aproximo de um cão sem dono...

 

Semelhança e tristeza nos atraem

Partimos juntos –Rumo ao nada–

Sem questionamentos

Sem regras nem convenções

 

Confiança nos basta!

 

Somos produtos acabados

Dos meios pelos quais fomos

"qualificados"

Homem e fera adaptados

Fera e homem abandonados.

 

                         Paulo Roberto Cunha


diáspora linguística


todas as palavras partiram
todas as importantes
as que metem o dedo no nariz
as que gritam despudoradas
as que têm a faca entre os dentes
as que rasgam a couraça
as que resistem
aos ventos
à chuva
ao fogo
aos beijos envenenados

todas as que ficaram são medidas
milimetricamente
para ver se
cabem no discurso da tevê
nas falas dos notáveis
nas notícias falsas
nas preces vazias
nas mortes anunciadas
nos números auspiciosos
nos segredos da cama
nos versos do poema

toda palavra está calada
nessa diáspora linguística
.
.
.
a palavra assim não é nada

mara magaña
19/06/2022

imagem: ofimthend.wordpress.com


FAÍSCA

 

Ali no semáforo vermelho

O sal da palavra arde na grelha improvisada

O carvão brilha

A chama estala

O espeto de churrasquinho preso nas mãozinhas do menino

Seu olhar é uma estrada para lugar nenhum

Sua voz, uma faísca:

Compra um, tio?

 

Mário Baggio

Visite meu blog: www.homemdepalavra.com.br



eu quase nunca desejo estar

no lugar de outra pessoa
quase nunca

geralmente gosto de ser quem sou
de habitar minha própria pele
mesmo quando essa pele tem frieiras alergias e o escambau

mas quando os dias estão dolorosamente azuis arroxeados
eu sinto vontade de estar
na pele daquela bailarina

ela é leve fluida ela salta
e na ponta do pé já tá em outro país hipnotizando plateias

já eu
tenho as articulações enrijecidas
carrego o peso de muitas frustrações

eu quase nunca desejo estar
no lugar de outra pessoa
quase nunca

mas quando o dia está
dolorosamente silencioso
e minha garganta aperta
sem ar
eu sinto vontade de estar
na pele daquele skatista

ele é audacioso corta a frente
costura o trânsito dá nó na minha cabeça
ele fecha o olho e respira
todo ar do mundo
e corta o silêncio doído
rasgando o asfalto

já eu
sou medrosa
fecho os olhos para não ver
para esquecer

eu quase me sinto bem

mas não em dias dolorosamente
silenciosos
e azuis arroxeados

 

Joice Teixeira


ETERNO

 

passa o tempo

passa a moda

passa a manada

passa o fuxico

fica o chico

 

Paulo Lima


O homem com a flor na boca

 

cada boca tem sua língua

cada língua tem seu vício

cada vício seu desejo

metáfora de fogo quem sabe

ou flor do desejo quem dera

o desejo da língua é o beijo

vermelha flor de aquarela

a rosa quem me deu foi ela

nos olhos da flor o que sinto

no coração absinto o que vejo

e sem nenhum sacrifício

amar de forma indireta

sem pensar fim ou início

de alguma jura secreta

a seta no arco é a flecha

o alvo da flecha é a seta

a flor na boca é desejo

o beijo na flor é a meta

 

Artur Gomes

https://fulinaimagens.blogspot.com/


poema de Paulo Leminski em Toda Poesia 



Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

22 99815-1268 - whatsapp

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