terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia



felínica

desfolhei teu bem-me-quer
flores do mal não dá sossego

a hora
do desassossego
me chega sem aviso como agora

teu corpo fala o infalível
e tem as curva de estradas
que não percorri

não sei porque ainda estou com fome
e não comi

Artur Gomes
May Pasquetti - foto: Artur Gomes Gumes - na Usina do Gasômetro - Porto Alegre-RS

www.fulinaimagens.blogspot.com


Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia – Memória e Resistência – Uma Trajetória Multilinguagens

 Em 1980 escrevi e publiquei a primeira edição do livro O Boi-Pintadinho com prefácio de Osório Peixoto. Logo depois seus textos, poemas e letras de cantorias foram adaptadas para o Auto do Boi-Pintadinho – Teatro de Rua - que até 1987 percorreu as ruas, praças, becos, quadras de esportes e estádios de futebol em Campos dos Goytacazes.

 No elenco para a sua primeira incursão pelas ruas, foi formado por alguns alunos da Oficina de Teatro da ETFC, alguns componentes da Banda Marcial e algumas pessoas envolvidas com Teatro na cidade, como: Pavuna, Ferrugem, Guilherme Freitas, Amauri Joviano, e Gina Ruelles. Além da rua, em 1980 fizemos também uma apresentação no Teatro de Bolso, tendo com trilha sonora a música Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho. A partir de 1981, todo elenco passou a ser formado por alunos e alunas da Oficina de Teatro da ETFC.

 Em 1981, com Boi-Pintadinho, parceria com Paulo Ciranda, vencemos o Festival de Música de Miracema-RJ.

 Em 1987, em homenagem a Eleição de Luciano D´Ângelo para a direção da Escola, encenamos no Ginásio de Esportes a Ciranda do Boi Cósmico, com alguns elementos em sua concepção criados pelo professor, Marcos Maciel, no laboratório de eletrotécnica e um cenário de lâminas de papel krafit criado por Genilson Soares, os famosos pênis voadores, que desciam do teto do Ginásio até o chão, o que levou alguns funcionários e professores, a entrarem em estado de surto.


Tudo Arde - poema em construção

 

suspenso

       no Ar

não penso

atravesso o portão da sua casa

o corpo em fogo

a carne em brasa

tudo arde

nas cinzas das horas

no silêncio da tarde

vou entrando sem alarde

sem comício

como um pássaro

que acaba de cantar

em pleno hospício


a poética da gramática

para Adriano Moura e Aluysio Abreu Barbosa

as vezes te procuro não encontro escrevo ponto
no lugar de vírgula aparece reticências
nem Homero esclarece a Odisseia no meu peito
quando a trema é trama do insatisfeito

 

Artur Gomes

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