A Traição Das Metáforas
:
Um Outra
para Celso de Alencar, César Augusto de Carvalho e Federico Garcia Lorca em memória
há tempos
não escrevo
um poema como esse
:
a formiga carregando folhas lembra-me a máquina de terraplanagem que vez em quando passa na minha rua a carrocinha puxada por um cachorro imagem cibernética estética não é o que me move pra o abstrato do outro lado do espelho atrás da porta do meu quarto ainda guardo teu retrato em Nova Granada conheci um presépio com duas mil imagens humanas criado pelo mestre Guima que cultivava em sua cabala cento e sessenta e três imagens de Santo Antônio que Hygia Ferreira guardava para o casamento com ela aprendi que o amor mora muito além da casa dos soldados Federika rasgou o vestido de Macabea quando Lady Gumes enfiou a faca no monstro ontem mesmo sonhei com Afrodite tive um surto de desejo gozei no espelho era Cecília quem estava do outro lado
Artur Gomes
Na trilha do fogo
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página oficial no face
https://www.facebook.com/arturgomespoeta
Dia 31 vamos dançar
pra Yemanjá e Olorum
na hora da partida
de 2021 para em 2022
acabar com o genocida
Rúbia Querubim
na trilha do fogo
quarta-feira de cinzas
a janela estava entreaberta
dela desejei as costas nua
do pescoço até a bunda
para penetrar-lhe o anus
até o amanhecer do outro dia
era madrugada quarta-feira de cinzas
de um carnaval
que há dois anos não havia
Federico Baudelaire
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curuminha
para Rúbia Querubim
tua pele clara de pêssego
ou mesmo de manga fosse
lembra-me frutas tropicais
com sal e mel agridoce
intenso sabor tupiniquim
Clarice Beatriz que fosse
ou mesmo esse anjo SerAfim
que dorme em praias distantes
e acorda dentro de mim
Artur Gomes Fulinaíma
www.fulinaimicamente.blogspot.com
ainda que seja assim
ainda que seja assado
não tenho papas na língua
não tenho língua nas papas
quando me descobri ainda menino saltando muros para roubar mangas no quintal do vizinho ou quando o tasquei fogo no paiol de milho percebi a vida nos trilhos
tudo gira tudo rola
pomba gira no terreiro
trepada em pé de carambola
e lá vai terminando mais um ciclo ao redor do sol meu pai cavaleiro de Ogum
na terra girou 67 por onde anda não sei deve estar pelas galáxias nas festas de São João Xangô Menino
ela vinha
com um copo de vinho
na boca uma língua
de fome
no corpo a carne
sedenta
seis anos para ceder
aos instintos
e dar-me em camas
ela veio vestida de nada
enquanto pra ela escrevia
um bolero blue
no poema nada cabe
nem o que sei
nem o que não se sabe
que seja por um risco
que seja por um triz
a mulher que sempre amei
não era atriz
era aprendiz de arquiteta
sempre andou em linha torta
apesar de sempre ereta
teu corpo
é carne de manga
em meu pênis viril
enquanto sangra
quando beijo tua boca
enfurecido
rasgando por trás
o teu vestido
se tiver que me matar
que seja
se eu tiver que te matar
que morra
em cada beijo que te der
amando
só vale o gozo
quando for eterno
infernizando os céus
e santificando
a boca do inferno
com espada em riste
galopamos velozmente
por dois segundos e meio
tua fúria era tanta
que agarrei-me
em tuas crinas
para não cair na lama
mas o amor era tanto
e tanto era o prazer
que quando fomos pra cama
não tinha mais o que fazer
ainda que seja assim
ainda que seja assado
a carne seca com farinha
anda muito cara no mercado
nasceu uma erva santa em meu quintal nem sei quem jogou a semente se foi algum vizinho ou se foi trazida por passarinho
algumas coisas dançam na memória
outras passeiam ou passam e vão desfilar em outras vitrines no tempo do esquecimento
enquanto a bahia
se afoga
o genocida nada
quando escrevo
com enxada
o poema é mais real
uma mistura de cerveja campari vodka com limão picanha assada assim foi meu natal de 2021 para fechar esse ciclo em torno do sol vamos dançar para Olorum no dia 31
Ogum não permitiu
que Yansã doasse o coração
para Xangô
e deu-se num trovão
pela manhã o seu amor
Oxossi em cada um
moram dentro o mar
dois olhos florescentes
por trás desta paisagem
não são olhos de peixe
são dois feixes de luz
dois faróis brilhantes
que olham infinito
desde um tempo outro
mar de outras eras
nem era primavera
aquela vez primeira
nem era quarta feira
na sala de ensaio
diante dos espelho
dois olhos como raios
dentro os olhos meus
que acenderam o fogo
como queima agora
neste mar de Zeus
a lavra da palavra quero
quando for pluma
mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
onde a lavra explora
se é saudade dói
mas não demora
e sendo fauna linda como a Flora
lua Luanda vem não vá embora
se for poema fogo do desejo
quando for beijo que seja como agora
a poesia é meta física
meta quântica
Itaipu é uma paraíso
dentro do que sobrou
da Mata Atlântica
o que existe
por trás da poesia
língua de sal
lambendo a pele
do amor à flor da pele
toda pele maresia
Diador-in
avessa em mim
branquinha como a neve
me leve
para dentro da tua casa
a poesia é o infinito da pessoa
te empresto minhas asas
pare de caminhar - e voa
Afiando a CarNAvalha
cocada agora
só se for de coco
paçoca de amendoim
cigarro só se for de palha
cacique só se for da mata
linguagem só tupiniquim
bala só se for de prata
água só se aguardente
tônica só se for com gim
estado só se for de surto
eleição só se for sem furto
brilho só no camarim
golaço só se for de letra
Ronaldo só se for Werneck
malandro só se mandarim
política só se for decente
partido só sem presidente
governo eu que mando em mim
batismo só se for de pia
Congresso só de Poesia
Reinaldo pode ser Valinho
ainda melhor se for Jardim
ela me chega assim bailarina
como um tarde de música
envolta em física quântica
etérea qual labirinto
para dizer o que sinto
e desvendar teu endereço
procuro em teu livro secreto
palavras que não conheço
Artur Gomes
na trilha do fogo
www.porradalirica.blogspot.com
fulinaimicamente
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